domingo, fevereiro 04, 2007

Situações difíceis – Morte por Malária – Parte 1

Muitos são os desafios de se morar fora, principalmente em se morar em Angola. Com certeza sou mais influenciado pelo cotidiano que meu amigo Sérgio, haja vista que ando muito mais na rua e percebo com mais impacto o cotidiano de Luanda. Sérgio, que trabalha perto de casa, tem, por exemplo, que pegar menos engarrafamento, lidar com menos Angolanos e coisas do tipo. Entretanto há eventos que nos influenciam de forma igual e negativa.

Logo que votei das minhas férias fiquei sabendo de um caso que aconteceu com uma Brasileira que faz parte da holding de empresas. Apesar de não trabalhar diretamente comigo, um dos meus amigos era muito amigo dela. A pessoa em questão, assim como eu, foi para as férias de final de ano no Brasil. Em Angola os casos de Malária ou Paludismo são realmente muito freqüentes. Aqui se houve que uma pessoa está com Malária da mesma forma que se houve no Brasil que alguém está gripado. Como os casos acontecem a todo instante, o tratamento é eficiente e todos que aqui estão já ficam atentos para a probabilidade de estarem doentes. Felizmente no Brasil não se ouve falar de casos de malária, pelo menos nas grandes cidades, eu por exemplo nunca havia conhecido uma pessoa que tivesse ficado doente de malária. Realmente é bastante distante da nossa realidade, ficando reservado aos filmes a visualização dos sintomas.

Ao sair de Angola, a mulher carregava consigo a malária. Chegando em casa, doente, ela tratou de procurar um médico. Infelizmente por haver poucos casos e por incompetência, no meu modo de ver, do corpo médico da cidade dela, a Malária não foi diagnosticada, pensaram ser um caso de dengue. A Malária, conforme descrevi em um post anterior, é uma doença que ataca muito o fígado e tem um efeito devastador nas defesas da pessoa. Como o tratamento apropriado não foi dispensado a paciente, esta veio a falecer.

Impressionante como a decisão de vir morar na África, nesse caso, influenciou a vida dessa mulher. É fato que estamos sujeitos a morrer a qualquer instante, até mesmo no Brasil, ou melhor, principalmente no Brasil devido a violência, contudo morrer por erro de diagnóstico é algo muito grave.

No nosso dia a dia os cuidados para evitar a contaminação são muito grandes. Passamos o final de semana, enquanto em casa, com as janelas sempre fechadas. A noite também não abrimos nenhuma porta ou janela, ou seja, estamos sempre trancados no ar-condicionado. O mesmo se aplica aos carros e trabalho. O uso de repelente também é constante, e devo dizer que nos horários de maior risco, que são o início da manhã e fim de tarde, realmente não é nada animador sair de casa.

A decisão de vir para Angola é algo sério, vir para Angola não, sair do seu universo para se aventurar em qualquer país. Tem que se desejar muito estar aqui, estar morando e convivendo fora de casa. No caso de Angola estar preparado para as limitações e as restrições, conforme coloquei em um dos meus últimos post.

Na lembrança da perda dessa pessoa o meu desejo de conforto a família e paz para o espírito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, é complicado morar em Angola? Tenho uma oportunidade de morar lá pela minha empresa e gostaria de saber se vale a pena!