Rally - chegada ao acampamento
Depois de trinta minutos na estrada avistamos um grande Imbodeiro. É uma árvore realmente grande com o diâmetro do tronco tão grande, mas tão grande que algumas precisariam de umas 20 pessoas para abraçá-la. Certa vez vi um documentário da Regina Case, ela falava sobre essa árvore que no Brasil é conhecida como Baobá. A lenda na África, onde o programa foi filmado, diz que o Imbodeiro era uma árvore muito vaidosa, por ser maior que as outras e muito bonita. Então Deus como castigo a retirou da terra e a colocou de cabeça para baixo. Realmente, na maior parte do ano, quando não há folhas na árvore, os galhos mais parecem a raiz da planta.
Entramos na estrada de terra, todos estão realmente empolgados e os primeiros solavancos do Rally começam a ser sentidos, apenas um aperitivo para o que vinha pela frente. Fred a essa altura começa a se soltar e fazemos uma primeira parada na estrada, motivo, pegar uma cerveja em um dos carros que transportava toda bebida. Uma rodada para todo mundo, o sol até não está tão quente, mas tudo é motivo para tomar uma. Monta todo mundo nos carros e vamos em frente.
Fotos, muitas fotos, fico pensando a todo instante no blog e nas imagens que quero colocar lá. Registro tudo, a posição é boa já que estou na frente da caminhonete que viaja de vidro aberto. Gostaria de mostrar as pessoas tudo que estou vendo. Tenho tanta coisa para contar, tantas histórias imagino olhando esse cenário. Gostaria de escrever um livro. Não espalha, mas tenho um desejo enorme de ser escritor. Louco não?
Mais um integrante vai ser adicionado à aventura. No meio do caminho paramos em uma casa simples. A construção de barro lembra uma casa de taipa. Existe um pequeno roçado de macaxeira e alguns legumes. Dois pés de goiaba e uma espécie de mesa, feita com palha de coqueiro. Sobre essa mesa, peixes secando. É um alimento típico da população esse peixe seco, geralmente servido com a macaxeira e forma de fungi. Da casa sai um senhor que vim descobrir é bem mais velho do que aparenta. Pensei que ele tivesse uns 50 anos, mas na verdade já passara dos 70. Seu nome esqueci, contudo a forma como todos o chamam, ou melhor, o seu “título”, é Soba.
Soba é um tipo de líder comunitário, um cassique. O mais interessante é que o Soba tem poder político, administrativo e realiza até pequenos julgamentos dentro da sua comuna. Comuna é um espaço de terra que pode compreender alguns bairros. As comunas existem dentro e fora da cidade e nesse caso, como estamos em um meio rural, é uma área bem grande onde quem manda é o soba. Se existe uma briga em casa ou entre visinhos, o soba é chamado para resolver e o que ele falar é lei. Se o governo quer instalar uma escola no local, tem que antes falar com soba. Se o governo disser que vai ficar do lado esquerdo e o soba disse que vai ser do lado direito, vale o que o soba disser. Alem disso se ele disser que não vão colocar escola nenhuma a decisão vai ser essa.
Sobe o soba, outra rodada de cervejas e pé na estrada. O primeiro carro a atolar é o menor de todos, uma Tucson. O carro é parecido com uma Ecosporte e vai conduzido por João Pedro. Desce todo mundo, corda, pá, mão, vale tudo e todo mundo ajudando, pense numa empolgação, parece até que gostaram por temos parado. Hora de baixar os pneus, isso vai ajudar no off-road. Puxa para cá, empurra para lá e o carro sai. Antes de seguirmos viajem mais uma rodada de cerveja. Estou achando que essa bebida não vai dar nem para chegar ao acampamento.
Fotos, fotos, fotos. Por incrível que pareça e apesar da quantidade de areia e terra fofa, é possível ver muitas marcas de pneu de carro. No caminho muitas casas, quer de nativos, quer de veraneio. Existem algumas casas pré-fabricadas, descobri depois que eram de pessoas que são autorizadas pelos proprietárias a ficar ali, contudo não podiam construir em alvenaria para não fixar residência. Essas cassas de madeira são utilizadas nos finais de semana, casa de praia.
Chegamos a um campo com grandes palmeiras. Dou nome ao lugar de terra de gigantes. Uma vegetação baixa cobre quase todo campo. No meio grandes gigantes, palmeiras que sozinhas já seriam esplendorosas, mas juntas, UAU. As imagens são incríveis e fico pensando nas pessoas que amo e como gostaria que elas estivessem aqui. Minha irmã iria adorar a aventura. Parar, xixi, cerveja e novamente pé na taboa. Vamos aos trancos e barrancos, literalmente, e essa é a melhor parte. Henrique dirige muito bem, ele me disse que já tem experiência com rallys e que possui uma Toyota no Brasil só para isso. Em um dos buracos dou uma cabeçada no retrovisor que está doendo até agora (exagero danado). Serio mesmo doeu pra caramba, mas para tudo na vida existe uma solução e para resolver essa só tem um jeito. PASSA AI MAIS UMA CERVEJA!!!
Passado os gigantes chegamos no local mais difícil de travessia, uma faixa de terra que quando a maré enche muito cobre e transforma a península em uma verdadeira ilha. A areia é muito fofa e com certeza teremos muito trabalho para atravessar. Os carros atolam com uma facilidade impressionante, deu bobeira já era. A Tucson, coitada, depois de muito parar, foi rebocada o resto do caminho por uma grande Toyota que faz parte da expedição. São 6 carros em um cenário que mais parece as dunas de Natal, lindo, o que mais posso dizer? De um lado o mar protegido da península e do outro lado o oceano aberto. O dia está calmo, com pouco vento, assim, tanto de um lado como do outro as águas estão bem calmas. Outra parada, mais uma cerveja. Pensei agora em uma música para esse rally ela seria mais ou menos assim: 360 quilômetros, 360 quilômetros, para um pouquinho, cerveja pra dentro, 360 quilômetros. Lembra dessa música?
Passamos por pequenas casas e por um bar que reconheço, já vim aqui algumas vezes de barco, seu nome Barsulo. Atravessando toda a península chegamos ao ponto mais próximo do continente, pronto, ora de descer e montar acampamento. Ao descer do carro a primeira pessoa que vejo é Sérgio, que veio no carro das bebidas e já estava mais para lá do que pra cá. A turma se junta e é hora de montar o acampamento.
2 comentários:
Spliiiiiiiiiiii,
adorei o teu Rally, tanto que quando terminei de ler estava exausta, cheia de areia e más pra lá do que pra cá.... kkkkkkkkkkkkk
beijo.
Spin,,,
esse rally deve ter sido uma aventura e tanto, mas resumindo...
"Sabe aquele sonho que você deseja ? Ou seja, cerveja.
Sabe a sensação quando alguém te beija ? Ou seja, cerveja.
Uma roda de amigos todos numa mesa
Ou seja, cerveja."
Beijo grande pra vc!
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