quinta-feira, junho 28, 2007

Chupa essa manga!!!

Essa história vai extrapolar o blog, vou contar muitas vezes nas mesas que eu freqüentar, vale a pena.

Há alguns dias fui André vira para mim e fala: “Chupa essa manga”. André, ou Massaranduba, esse que esta segurando sua Periquita, entrou chamando a atenção de todos com um objeto na mão. Ele estava eufórico e após ver o projétil pensei que havia acertado a cabeça dele. Pronto o menino endoido de vez.
Todos ficaram pasmos, o motorista Angolano ficou branco, pois na manhã desse dia ao chegar ao carro havia algo errado que não estava certo. KKKK Sobre o capo do carro um perfeito buraco, que mais parecia ter sido feito por um ferro. André que chegou logo em seguida abriu o capo e olhou, verificou que se tratava de uma bala de fuzil. O disparo deve ter sido feito para cima durante a madrugada por uma das muitas AK47 da cidade e teve o fim da trajetória sobre um dos carros da empresa, um Aveo preto.

O projétil deve ter passado com muita velocidade, pois ficou perfeito o orifício no metal. Por pura sorte, nenhuma peça do motor foi danificada e no chão, abaixo do carter, estava pequeno objeto metálico, personagem desse post.

Brincadeiras à parte, Angola está cada dia mais parecida com o Brasil, ou seria Luanda com o Rio de Janeiro. Balas perdidas são até comuns na cidade maravilhosa, mas em Recife eu nunca havia visto, já ouvi falar, mas é feito ET, todo mundo sabe que tem, mas ninguém nunca viu.

Tirar as fotos e preparar a história para o blog foi o próximo passo. Como diria André:

CHUPA ESSA MANGA !!!!

terça-feira, junho 26, 2007

24º Filda – Feira Internacional de Luanda – Brasil marcando presença

Recebo muitos e-mails sobre oportunidades de trabalho e empreendimento em Angola. Esse país em pelo crescimento que apresenta hoje taxas de crescimento anual na ordem de 20% do pib é um eldorado para as empresas que aqui conseguem se estabelecer. Contudo se engana quem pensa que é fácil chegar e se firmar. As leis, a cultura, as pessoas o estado, tudo é bem diferente.

Aos que pensam em empreender nesse país vai uma excelente oportunidade. A 24º Filda – Feira Internacional de Luanda – é um evento de grandes proporções e um ótimo local para se fazer negócio e prospectar nesse país. Texto do site da Filda - www.filda-angola.com

Realizada sob o lema
“APOSTA NUM SISTEMA FINANCEIRO MODERNO COMO ALAVANCA PARA O DESENVOLVIMENTO”. Mais de 400 empresas vão expor na 24ª Edição da Feira Internacional de Luanda (Filda), que vai decorrer de 10 a 15 de Julho próximo. Esse número representa um decréscimo de expositores em relação a edição anterior, devido a solicitação de maiores espaços de stands por parte dos expositores.

Esta edição como todas as anteriores destina-se a medir as potencialidades das empresas, proporcionando oportunidades de negócios entre os diferentes actores económicos, nacionais e estrangeiros, com a participação em evidência de vários bancos e empresas de seguro, para este ano conta-se com a participação já confirmada de várias empresas estrangeiras, vindas de países como Cuba, Portugal, Brasil, Alemanha, Espanha, África do Sul, Namíbia, Ghana, Alemanha, Uruguay, Brazil, França, China e Países Baixos.

A FILDA possui o canal multimidia, que vai exibir através de ecrãs colocados nos pavilhões, publicidade de diversas empresas, bem como programas de eventos que decorrerão ao longo da feira.
Poderão ainda os expositores contar com os serviços de um business center, sala de reuniões, sala de conferências, de acordo com as necessidades dos clientes poderão ter acesso na FILDA aos serviços bancários, transporte de e para a FILDA, estafeta expresso, restaurantes e segurança adicional.
Abaixo matéria do jornal Angolence

Brasil leva 36 empresas a Angola para a Filda 2007 Portugal Digital
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=15215

A 24ª Feira Internacional de Luanda - Filda 2007, que acontece de 10 a 15 de julho, em Angola, irá estimular o comércio do país com empresas brasileiras de vários setores. Pelo quinto ano consecutivo, a APEX Brasil organiza a participação brasileira no evento, desta vez com a expectativa de gerar negócios da ordem de US$ 11 milhões, informou a APEX Brasil.

A participação brasileira na Filda 2007 inclui empresas dos setores de construção, máquinas e equipamentos, veículos, alimentos e bebidas, utilidades domésticas, decoração, bijuterias, confecções, calçados, móveis, produtos de limpeza e de serviços, tais como transporte marítimo e assessoria em comércio exterior.

"Queremos facilitar o acesso de novas empresas ao mercado angolano, além de estimular o crescimento da atividade exportadora das pequenas e médias que já atuam lá, ampliando sua participação nos negócios com a África", explica o coordenador da unidade de eventos internacionais da APEX Brasil, Juarez Leal.

No ano passado, as exportações brasileiras para Angola chegaram a US$ 838 milhões, constituídas principalmente por açúcar, carne bovina, biscoitos, leite e derivados, ferro e aço, móveis e tratores. Angola exportou para o Brasil, principalmente, petróleo, resíduo de alumínio, ferramentas e objetos de madeira, num valor total de US$ 464 milhões.

São 36 empresas de 14 setores que seguem para Luanda nos próximos dias. A Filda é a principal feira de negócios de caráter multissetorial da região sudoeste africana e alcança também mercados de países limítrofes como República do Congo, Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Gabão e Zâmbia.

O tema da Filda este ano será “Aposta num sistema financeiro moderno como alavanca para o desenvolvimento”, e um dos seis pavilhões a serem ocupados pelo evento será totalmente dedicado a estandes de instituições financeiras, como bancos, seguradoras, casas de câmbio e corretoras de valores mobiliários.

Deverá haver ênfase na atração de investimentos que viabilizem a implantação da Bolsa de Valores de Luanda, uma das prioridades do Governo angolano.

Na última edição estiveram presentes 1.400 expositores de 16 países, que ocuparam uma área de 38 mil metros quadrados, visitada por 23,5 mil pessoas. Em 2006, o estande brasileiro contou com 23 empresas, que realizaram negócios imediatos na ordem de US$ 692 mil e futuros de US$ 7,41 milhões.

Este ano o pavilhão brasileiro ocupará uma área climatizada de 500 metros quadrados. Estarão presentes a Embaixada do Brasil em Angola, o Sebrae e a Associação Brasileira de Franchising (ABF) que, em conjunto com a APEX Brasil, ministrarão seminários na tarde do dia 12, quando será celebrado o ‘Dia do Brasil’.

As palestras vão apresentar um panorama das micro e pequenas empresas brasileiras, os produtos que o Sebrae, a atuação da APEX-Brasil e seus projetos de promoção de exportação e alguns casos de sucesso de franquias no Brasil. Nos últimos 12 meses, 8 redes brasileiras abriram lojas no país africano, que passa por um acelerado processo de reconstrução após anos de guerra civil. Entre as franquias verde-amarelas estão Richards, Bobs, Mundo Verde, Fisk, Sapataria do Futuro, Boticário, Mister Sheik e Werner. As informações são da APEX Brasil.

segunda-feira, junho 25, 2007

Dilúvio em Luanda – Afogamento de lágrimas devido ao trânsito

Durante os primeiros meses aqui em Angola ficar inventando passa tempos para o transito era uma constante, afinal, todo dia pelo menos 4 horas no carro. Depois de certo tempo as brincadeiras esgotaram e eu não tinha mais a menor vontade de jogar “nome - lugar - objeto”. Houve dias que o desespero era tão grande que partimos para partidas emocionantes de par ou impar. A verdade e que a vontade que sempre tive foi de jogar uma boa e velha porrinha, só bebendo para agüentar esse carro. Infelizmente a dinâmica do carro não permite um domino, mas considerei seriamente uma partida de pôquer.

Quer saber de uma coisa, esse negócio de ficar inventando coisas para se fazer não está com nada, o negócio é dormir. Eu faço isso também, fico com medo de acordar babando na porta ou algo do tipo. Com a turma do trabalho tira a maior sarro comigo, decidi prestar essa homenagem a minha grande amiga Ana Flávia que foi flagrada em seu momento “Estou me afogando”.

A última novidade tecnológica do carro é esse suporte em forma de colete salva-vidas que Ana Flávia trouxe de sua última viagem ao Brasil. Acho que ela deve se imaginar no SOS Malibú ou algo do tipo.

Na boa, o que será que ela está sonhando? Sei que ela vai ficar danada comigo por ter publicado essa foto, mas como diz o ditado: “Agente perde o amigo, mas não perde a piada”.

Afff te adoro, fica braba não visse?

Beijo grande e bons sonhos... Cuidado para não se afogar.... KKKKK

São João em Angola

Turma da Advance

Começo logo dizendo que a festa superou todas as minhas expectativas. Foi organizada pelo pessoal de uma construtora e um sucesso absoluto sobre todos os aspectos. A organização estava impecável. Um pequeno palco com DJ e muitas musicas juninas, apareceu até um sanfoneiro. Durante a tarde dei um pulo no local para ver se conseguia um ingresso a mais para um amigo e lá conheci os organizadores. Eles foram super atenciosos e mesmo sem haver mais nenhum ingresso a venda, eles me arranjaram um. Obrigado Junior pela sua atenção. Segundo a organização foram vendidos 600 convites ao custo de U$ 20,00 cada. Posso, contudo garantir que foi muito barato, para toda a infra-estrutura montada. Havia barraquinhas de pipoca e bolo de milho e coco, barraca de milho, cachorro quente, canjica e mungunzá. Bebida não faltou desde cerveja a refrigerante. Havia também uma barraca para as crianças com pescaria e uma cadeia no meio do pátio. Na cadeia as pessoas eram presas e soltas sob fiança, baratinho, mas segundo a organização todo dinheiro será entregue para uma instituição de caridade. Na alimentação o churrasco foi o ponto alto. Foram preparados um boi inteiro na brasa e quatro porcos, tudo na brasa, estava realmente uma delicia.
Churrasco de Porco

Logo na entrada a primeira impressão foi ótima e a noite não decepcionou, fui realmente para curtir e dançar. Poucas horas antes havia ligado para minha irmã, ela estava indo para Caruaru, tenho que admitir que fiquei com uma pontada de inveja. Inveja boa, mas ainda assim inveja. Após a entrada enfeitada com palhas de coqueiros, ao redor de um pátio de terra batida as barraquinhas. De um lado a estrutura da churrasqueira e ao fundo o palco. No centro um poste de energia concentrava as bandeirinhas que enfeitavam todo lugar. Foi inevitável ser formarem os grupinhos, mas ainda assim conheci pessoas diferentes. Perto do fim da noite foi acesa uma grande fogueira e apesar da fumaça todo mundo gostou. Não faltou nada.

Spíndola e Ana Flávia na Quadrilha

Próximo a meia noite se formou a quadrilha, eu já havia combinado com Ana Flávia e fomos nos dois. A organização da quadrilha, ou melhor, o puxador foi fraco, mas com certeza esse foi o ponto alto da festa. O noivo subiu ao palco e chamou a atenção de todos os convidados da festa. A noiva muito encabulada entrou na brincadeira e também subiu no palco. Lá em cima, no meio dos por menores do padre, o noivo tomou o microfone, pediu licença e disse que tinha algo importante a falar. Agradeceu a presença de todos e a cada palavra a noiva ficava mais branca. Ele disse ter encontrado a mulher da vida dele em Angola e de forma corajosa e original pediu a mão dela em casamento de verdade. Ao saírem as alianças do bolso o levante foi geral, além de uma salva de palmas. Todos os seiscentos convidados ficaram comovidos. Tenho que tirar o chapéu o cara de se garantiu.
Me diverti muito

Durante a quadrilha, que como já disse estava uma confusão danada, tive a oportunidade dançar com a noiva e Ana Flávia com o noivo. Como estávamos lado a lado pude dar os parabéns, disse que havia sido fantástico a forma como ele se saiu. A noiva não resistiu e encheu os olhos de lágrimas. Tive uma sensação boa e um sexto sentido me diz que esse casório vai dar certo.

No meio da quadrilha havia algumas crianças e como estava muito fraquinha a dança, Ana Flávia foi para o meio dançar com a meninada. Eu que fiquei sem par, fui também e esse foi a melhor parte para mim. Diverti-me um bocado e as crianças também parecem ter gostado.
As crianças no centro da quadrilha

Depois foi voltar o bom e velho forro. Passei o resto da noite dançando até o gastar a sola do sapado. Esse por sinal, que era preto, está marrom, e eu nem tive coragem de engraxar ele ontem à noite, mas de hoje não passa.

Estava sem beber por conta de otite, mas isso não diminuiu a minha animação e depois de tomar coca a noite toda fiquei até tonto. Foi para casa na vassoura, termo usado em Recife para dizer que fui um dos últimos a sair. Dormi feliz e saudade dessa noite até que não apertou tanto.

Mais uma vez parabéns a organização da festa e espero que a próxima aconteça logo.
Nahama, Ana Cláudia, Spíndola, Dani e Fred

quarta-feira, junho 20, 2007

Fumante passivo – Em Angola sou sim

O dia quente e o engarrafamento está matando. A poeira na rua é imensa e agradeço por não ventar muito em Luanda. Mesmo assim o terno e o sapato insistem em estar sempre sujos. Descer do carro é sempre um malabarismo, pois as portas estão sempre sujas e ao tocar, a terra adere como a um adesivo. Já estou conformado com a demorar que vai ser para o prato ser servido, tudo o que quero agora é uma coca bem gelada. À tarde mais reuniões, uma pressão danada no trabalho.

Hoje é quinta-feira, dia de bacalhau com natas no Venesa. Escolhemos uma mesa e sentamos. Sempre vem àquelas entradas com uns pães para enrolar, mas com a fome que estou hoje quase posso sentir o cheiro do bacalhau. Quase não, estou sentindo, ao meu lado acaba de chegar um prato no capricho, o aroma é irresistível. Tem umas batatas coradas por cima e a porção bem servida dá perfeitamente para três pessoas. Nesse dia somos somente eu e um amigo, vai sobrar para levar para o motorista.

Trinta minutos depois do pedido, já está na hora do prato chegar. O restaurante está lotado e do nosso lado um novo pedido de bacalhau acabou ser feito por três executivos que sentaram nesse instante. Dessa vez é o pedido deles que vai demorar. De repente, não mais que de repente, visualizo o nosso almoço. O prato vem esfumaçando da cozinha e minha boca se enche d’água. Meu amigo fala qualquer coisa que eu respondo com um simples “ahaa”. Na minha cabeça a idéia era deixar para depois essa conversa. Daqui a dois minutos você fala ok? O prato chega à mesa e o almoço já está começando. Comer com prazer começa pelo visual, estava do jeito que eu imaginei.

Sirvo o meu prato, é hora do olfato. Pego uma garfada generosa de bacalhau com batata e trago para perto da boca. Com os olhos fechado vou deixar o ar entrar pelo meu nariz, estou curtindo o almoço e não simplesmente enchendo o buxo. O cheiro entra..... Eca quase devolvo o bacalhao, que cheiro horrível de cinzeiro. Ao meu lado o cara de terno está dando umas boas baforadas com uma cigarrilha incrivelmente mal cheirosa. Como pode um negocio daquele ter um cheiro tão forte. Não consigo sentir o cheiro da comida, só o cheiro do tabaco que a essa altura já impregnou o ambiente.

Vou almoçar, mas não vai ser a mesma coisa. Realmente acho uma falta de educação tremenda acender um cigarro em um ambiente publico. Sei que o vicio é forte, mas um fumante não faz idéia do quanto incomoda a um não fumante. Fora isso tem a questão da saúde, estamos agora fumando ele, eu e mais um monte de gente que dentro do restaurante está sendo forçada a inalar aquele treco.

É realmente bem desagradável um fumante ao seu lado.

XXXXX

Em Angola não existe uma lei que proíba isso e as pessoas daqui pouco se importam com os demais quando o assunto é cigarro ou mesmo charuto. Algumas pessoas podem argumentar que o charuto incomoda muito mais, é verdade, mas para quem não fuma é ruim do mesmo jeito.

Hoje fui surpreendido com uma reportagem no jornal local. Nas entrelinhas da matéria dá para ler claramente “Os incomodados que se retirem”. O jeito vai ser me acostumar.

Como diria o ditado: o que não tem solução, solucionado está.
Proibição de fumar em lugares públicos só depois da aprovação do Conselho de Ministro A Capital
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=15096%3Cb

Apesar de Angola ratificar, este ano, a Convenção Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de a Assembleia Nacional ter já aprovado e aceitado a Convenção de Luta Contra o Tabaco em Lugares públicos, a verdade é que os angolanos não fumadores vão ter de continuar, involuntariamente, a inalar o fumo do cigarro e sofrer as mesmas consequências dos fumadores activos.

Segundo uma reportagem do Jornal «A Capital», o convívio entre fumadores e não fumadores é ameno e, inclusive muitos dizem que é sadio.

Questionado sobre o efeito perturbador do fumo, António Paulo, não fumador ou seja fumador passivo, que se encontrava num dos hotéis da capital, disse que normalmente reclama, mas como não existe nenhuma legislação que proíbe as pessoas de fumar em lugares públicos, o que faz mesmo “é abandonar o ambiente”.

A directora do departamento de informação e mobilização da saúde, Filomena Wilson, disse que apesar de o Governo ter já ratificado a Convenção Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) relativo à luta contra o tabaco em lugares públicos, este mês de Junho, faltando apenas a entrada do dossier no Conselho de Ministros.

Entretanto, existem já em Luanda lugares com dizeres: “é proibido fumar”; “Cada cigarro fumado é tábua para o caixão”; Fumar faz mal à saúde”, entre outros dizeres.

Ana Jandira, esposa de um fumador, ouvida pelo o «A Capital», qualificou de orgulhosos todos os fumadores. “É que eles, mesmo sabendo das consequências põem em risco o ser mais importante da vida deles: o filho”. O meu marido nunca se importou de fumar ao lado do nosso filho bebé”, frisou.

Para o responsável de uma casa de jogos de Luanda, a aprovação de uma lei como a que nos referimos pode ter grandes implicações económicas, como acontecer no Zimbabwe e Moçambique. São grandes produtos e exportadores africanos de tabaco, por isso não aderem a Convenção da OMS.

“Os clientes são livres de escolher o lugar para estar. Caso for aprovada a referida lei, o mercado ditará se os empresários optarão por um estabelecimento sem restrições ou condições a aceder o cigarro, como existem noutras partes do Mundo”.

Entretanto, em Angola ainda não existe dados certos sobre o número fumantes e as suas vítimas, mas a situação é cada vez mais preocupante, segundo as autoridades, porque a olhar nu , os vendedores e consumidores de cigarro são cada vez maiores.

terça-feira, junho 19, 2007

Brasileiros invadindo Angola

Da esquerda para a direita
Fernando, Cintia, André, João, Samuel, Rildo, Alberto e Spíndola

A Advance é uma empresa em que sua equipe está em plena expansão. A chegada de novas pessoas à empresa dá uma revigorada em todos e é motivo para um contentamento geral. Novas pessoas implicam em mais conhecimento sendo transferido, novas experiências e amigos.

As opções de divertimento em Angola não são muitas, principalmente à noite. Lugares como boates e bares são sempre os mesmos. O Bay-in, por exemplo, já virou ponto de encontro e no final de semana é esse lugar que 99% das vezes vamos. Na ausência de bares, a melhor alternativa é fazer um bom churrasco em casa ou chamar o pessoal para uma partida de Play Station 2 ou cartas.

É engraçado e divertido ver as pessoas passando pelas mesmas fases que passei em Angola. Primeiro a euforia, logo em seguida a sensação de “do que estou fazendo aqui?”. Depois vem a calma, mais euforia, o primeiro salário, saudade da família e a primeira volta ao Brasil. Todos passam por essas fazes e à medida que o tempo é percorrido e vou ganhando experiência, vejo que tudo se repete. Já se foram quase 9 meses desde a minha chegada e com esse tempo já sou considerado um veterano. Na minha próxima volta ao Brasil, que deve ser em setembro, já estarei fazendo um ano de trabalho nesta terral.

Novas amizades vão sendo formadas, outras conversas e a vida vai ficando parecida com a de Recife. Não posso negar que sinto muita falta de casa e dos meus amigos, da minha cidade e coisas desse tipo, mas se ficar só pensando nisso enlouqueço. Essas novas pessoas me ajudam no dia a dia tenho certeza ficarão na minha memória para sempre.

Os Brasileiros estão invadindo Angola. A idéia é a mesma, ajudar o país a ser reconstruído. Vir, fazer o grande trabalho, ensinar e quando chegar a hora deixar que eles andem com as próprias pernas.

Fico feliz de fazer parte de momento de reestruturação. Sejam bem vindos meus novos amigos.
João, Cintia, Fernando, André, Rildo, Spíndola, Andrey

sexta-feira, junho 15, 2007

Obrigado Lisboa

Quando comecei a escrever o blog, de forma despretensiosa, deseja verificar se me acostuma a escrever com regularidade. Havia uma idéia de tornar-me correspondente de tecnologia, através de um blog, para o jornal recifense Jornal do Comercio. Infelizmente o projeto não vingou, mas deste foi construído o espaço que hoje me dá muito orgulho.

Outro motivo que me faz escrever é o fato de que em tempo da minha decisão de vir para Angola, procurei informações de como era a vida aqui, mas infelizmente pouco encontrei. As minhas publicações procuram, de forma modesta, relatar e demonstrar como é viver nesse país africano.

Apenas o fato de se estar trabalhando e morando na África, já desperta uma curiosidade imensa, afinal eu nunca me imaginei vivendo nesse continente. A imagem que se tem ao pensar nesse lugar são savanas, animais de zoológico, como girafas, elefantes e leões, além de tribos que vivem como nossos antepassados. Todos os dias, porem, procuro mostrar um outro lado, o lado do desenvolvimento e principalmente um retrato da reconstrução de um país.

Procurar histórias e me motivar para escrevê-las após tantos meses, requer paciência. Infelizmente hoje um dos meus maiores problemas é a quantidade e-mails que recebo e que não consigo responder tão rapidamente quanto gostaria. Por outro lado, cada e-mail desses me deixa muito feliz e renova minhas energias para com o blog.

Houve, contudo uma época que me vi desestimulado por não saber se alguém lia o que eu escrevia e se na verdade eu apenas documentava para mim mesmo. Nesse período descobri um serviço da google chamado Analytics (www.google.com/analytics/) que me deu as respostas, inclusive as que eu não estava procurando.

Além da quantidade de acessos, um dos mapas mostra as cidades que visitam a página. Recife, minha cidade natal, sempre foi campeã, seguida de perto por Luanda, São Paulo e Rio de Janeiro. Para minha surpresa esse ranking tem uma nova campeã há algumas semanas. Lisboa tem superado em muito a quantidade de visitas quando comparada com outras cidades, inclusive Recife.

Realmente não consigo descrever a minha alegria em saber que pessoas tão diferentes e de lugares tão distantes e distintos lêem o que escrevo. Hoje tenho uma média de acesso diário de 100 pessoas diferentes.

Esse post foi para agradecer a todas as pessoas que acessam esse blog, aos e-mails e comentários deixados aqui. Um obrigado especial aos Portugueses quem tem prestigiado e motivando esse solitário escritor.

Um forte abraço, muito obrigado e voltem sempre!

quinta-feira, junho 14, 2007

Para que CEP quando se tem o Mundo Verde?


Toda vez que alguém me pergunta onde moro, principalmente no Brasil a minha resposta é: Não sei. Não sei nome da rua, em Angola não tem CEP, correios muito menos. Na verdade correios até tem, mas a minha experiência com eles não é muito boa. Além de não chegar até a minha casa aqui em Angola, logo quando cheguei mandei três postais para o Brasil. Os três eram para o mesmo endereço e foram colocados na mesma hora na agência central dos correios, que fica no centro de Luanda. Após um mês os postais chegaram, contudo fora o atraso, dos três postais apenas dois tiveram êxito na sua jornada.

A forma encontrada para ensinar os endereços por aqui é passando pontos de referencia. A avenida da Odebrecht, o largo da Kinaxixi, o hotel Tropico, o ministério disso ou daquilo, no meu caso o ponto de referencia é o mundo verde.

Brasileiros que trabalham comigo e que já estão aqui a mais tempo que eu dizem que antes da construção desse mercado tudo era mais difícil. As compras eram feitas no Shoprite pequeno que com pouca opções forçava a visita a outros mercados e feiras nas ruas. O mundo verde se tornou, para quem mora no Talatona, uma local de conveniência onde quase tudo podia ser achado.

O estabelecimento não é muito grande e infelizmente tem problemas com o abastecimento. Constantemente faltam mercadorias, mas é bem simpático e ajuda um bocado no dia a dia. É verdade que com a abertura do shopping e do Shoprite grande que lá existe o movimento deve ter baixado, mas ainda continua sendo um importante pondo de apoio e mais ainda de referencia para chegar em casa.

As vezes no final de semana, antes de sair para trabalhar, passo na pequena padaria que existe dentro e tomo um Mata Bicho. Sábado passado foi exatamente isso que aconteceu, antes de vir para o trabalho passei lá com Sergio. Comemos uma pequena pizza e um suco, estava bem gostoso. Uma curiosidade da padaria é que ela tem janela que independe do interior da loja. Através dessa são vendidos pães e o horário de atendimento se estende ao da loja, que é até as 20:00h.

Outra peculiaridade é a grande cabeça de Javali que está empalhada na parede da loja. Chama a atenção e não há uma vez que eu vá ao local para não ficar imaginando esse animal vivo. Ele é enorme, do tamanho de um boi, imagino eu.

Nos finais de semana também é montado um quiosque na frente onde é vendido um prato simples e gostoso, batata frita com frango. O preço é bem salgado para uma comida tão simples, mas o cheiro é irresistível.

Muitas são os pedintes que ficam no estacionamento e isso é bem chato. Infelizmente conviver com a pobreza é uma realidade em Luanda e no Mundo Verde esse contato é constante. Vendedores de CD´s e DVD´s são facilmente encontrados no local, assim, se quiser um disco de Kisomba ou Tarachinha esse é um bom lugar para procurar.

Tenho certeza que um dia quando for embora esse lugar vai permanecer na minha memória. Por tantas vezes percorro esse caminho que não vai ter como esquecer. Olhar para o Mundo Verde é ter a certeza que estou chegando em casa.

quarta-feira, junho 13, 2007

Rally – A volta para casa

Acordando no acampamento

Ainda bem, acordei sem ressaca. A primeira coisa que gosto de fazer ao acordar no fim de semana é tomar um banho, só que água doce pelas próximas horas será impossível. Saio do carro, minha cama na última noite, o dia amanhece frio e com um sol tímido das 6:00 h da manhã. Acordar cedo é ótimo pois deixa o dia longo e hoje ainda vai acontecer muito coisa nesse rally.

Já tem algumas pessoas conversando perto da fogueira, logo descubro que foram os que não conseguiram dormir direito. À noite tivemos alguns problemas, eu que estava literalmente desmaiado nem notei, algumas pessoas rondaram o acampamento. Como haviam muitos objetos desprotegidos como o som e o gerador, foi necessário alguns corajosos para ficar de vigia. Esse é um lado ruim do acampamento, segurança. Mesmo aqui em Angola, onde a criminalidade é bem menor que no Brasil, é difícil para um Recifense, acostumado com minha terra, não se sentir desconfortável passando a noite em uma praia. Ainda bem que tudo correu bem.

Sergio é um dos que já está acordado, ele me chama para uma caminhada que eu prontamente... não aceito. Ta maluco, acabei de acordar, vou ficar na preguiça um tempão antes de despertar. Vai lá Kamba, depois me conta.
As gaivotas me dão bom dia

Sento sozinho, numa manha cinza, sem nuvens, a beira do mar. O silencio me conforta e abriga o meu imaginário dando segurança a minha memória. Algumas das viagens que já fiz, lugares que conheci. Reflito sobre meus objetivos e o que desejo... Faço a velha pergunta: O que eu quero ser quando crescer? O mar calmo como um grande campo de verde de cana de açúcar que tantas vezes vi ai viajar pelas estradas Pernambucanas, minha terra. O silencio e a boa sensação de estar sozinho, mas não me sentir só, é quebrado com a chegada de dezenas de gaivotas que descansam em um pequeno terral formado pela maré baixa. Elas voam na minha frente e parecem se mostrar para mim, para esse viajante que veio de tão longe, do outro lado do oceano, e que agradece pelo espetáculo. Bem na minha frente elas mergulham e saem com um belo peixe na boca. Uma, duas, três, várias vezes e eu tenho certeza que eu quero ser uma gaivota quando crescer. Consegui até fazer um vídeo de uma delas mergulhando e saindo com o peixe.

Quanto estava no mais profundo dos pensamentos e com aquele sorriso bobo no rosto sou trazido a realidade, minha adrenalina sobre. Quatro Angolanos vem pela praia, estou com a minha máquina fotográfica novinha nas mãos e com o mp3 no ouvido. Acostumado ao Brasil começo a me despedir deles, acabei de paga-los. Quando dei conta dos rapazes já era tarde de mais. Foi então que eles pararam na minha frente e puxaram conversa. “E ai chefe, bom dia. Vamos jogar um futebol? Você joga?” Ah eu tinha certeza, estavam só me enrolando, e não havia mais ninguém no acampamento atrás de mim. Sergio foi caminhar, os outros acho que deitaram já que eu estava acordado. Eu estava sozinho. “Oi, obrigado, mas acabei de acordar, ainda estou com sono e nem tomei café. Todo pessoal esta dormindo, estou com fome.” Um deles tem o cabelo amarelo e senta ao meu lado, na verdade deita. To ferrado, agora é relaxar e torcer para alguém do acampamento aparecer. Com mais alguns minutos eles falam entre eles, quimbundo que não entendo. Logo depois levantam-se, se apresentam, apertam minha mão e vão embora. Antes porem me dizem que se eu quiser jogar bola é só procura-los em uma barraca logo mais à frente onde eles estão. Nem acredito, não fui roubado. Fico aliviado e vejo o que a violência do Brasil faz conosco, só agora a adrenalina vai baixando, e eu que tinha certeza. Ainda bem, nada aconteceu.

O pessoal começa a levantar e um café da manha a base de leite, pão, queijo e presunto é providenciado. Me animo e vou fazer um “Mata Bicho”. Mata bicho é como os Angolanos chama o café da manha, uma gíria. Estava bom, desculpe está ótimo, eu estava morrendo de fome. Aqueles momentos meus, a beira da água, até me fizeram esquecer que eu não havia comido. Sérgio chega e depois de comer ao lado da fogueira, que ainda tem algumas brasas, sentamos novamente a beira do mar para conversar. Mais pessoas se aproximam, estão todos acordando, devagar, e com mais alguns minutos já tem uma turma boa ao nosso lado. Todos estão lembrando da noite anterior, do luau. A risada foi sonora ao lembrar do Soba dando em cima das mulherada. Teve ainda o Soba dançando Ilarié, eu lembro a todos, fiz até um vídeo.

Sergio com muita coragem diz que vai tomar um banho de mar. Quando ele entra avisa que a água está fria mas muito boa. Tomo coragem, tiro a camisa e num só pulo caio dentro. Foi apenas o tempo de colocar a cabeça do lado de fora e dar um grito. “Ahhhh que água fria.” Fria não, gelada, mas depois que acostumou foi uma sensação incrível, eu agora acordara, estava pronto para outra.

Lá pelas 10:00 h da manhã o pessoal começa a falar em levantar acampamento, mas com tamanha lentidão que somente as 11:00 h é que o negócio começa. Com uma hora de trabalho parece que nem passamos pela praia, tudo nos carros. É hora de deixar a areia e guardar na lembrança as imagens dessa viajem maravilhosa. Ainda bem que tenho aminha máquina para me ajudar. O blog vai ter uma excelente história nos próximos dias.

Antes mesmo de sair do acampamento, já dentro dos carros e com tudo empacotado, o pensamento coletivo era o desejo que os carros não atolassem na volta. Uma coisa foi quando os carros pararam na ida, todo mundo queria ajudar, mas agora, depois da farra, o desejo era chegar em casa e tomar um bom banho. Chuveiro, toalha nova, roupa limpa e nada de areia e bunda do lado de fora. Para a nossa sorte os motoristas na volta já sabiam o que fazer e não atolamos uma vez sequer.
Caminho de volta

Ninguém quer que o passeio acabe e ainda há tempo para mais uma parada. O Barsulo fica no caminho de volta e decidimos por um pit stop, apenas o tempo suficiente para beliscar alguma coisa e tomar uma coca-cola, afinal já são mais de 13:00 h.

O lugar, o Barsulo, é realmente incrível. Um pedaço do paraíso que o dono, um brasileiro, criou com carinho. Os preços, em compensação, não são nada encantadores. Por um sanduíche e uma coca paguei o equivalente a R$ 50,00. Fui xingando o resto do caminho para casa.
Pit Stop no Barsulo

A paisagem na volta me acalma e eu relevo, ta na chuva é para se molhar. Seguindo o caminho passamos pelas mesmas lugares que agora parecem diferentes, estão ainda mais bonitos. Em um mangue, nada mais Recifense que um mangue, descansam dezenas pássaros que parecem flamingos, só que brancos. Tiro uma foto e falo na mesma hora: “Essa vai para o blog!”
Pássaros e mangue, cenário recifense

Quando chegarmos à estrada já é fim de tarde e ainda há tempo para tirar algumas fotos da vegetação. Iniciei essa história, a primeira foto, com um grande Imbodeiro. Vou terminar com ele também.
Imbodeiro

O por do sol começa a ser ensaiado novamente. Olho para o horizonte e como se fosse uma criança faço um desejo à mão natureza. Tenho uma sensação engrada de certeza que vai acontecer. Desejo novas aventuras como a que acabei de realizar. Por fim penso na minha família, mando um beijo para ela apenas com o meu coração, e me perco nos pensamentos e na imaginação olhando para as belezas da África.
Meu rosto diz tudo sobre a viagem

terça-feira, junho 12, 2007

Rally Acampamento

O caminho não foi nada mal, mas o melhor ainda estava por vir. Primeiro paramos no local mais distante da ilha, o mais próximo possível do continente. O que dizer? Lindo, na verdade quase, uma quantidade de lixo absurda no local inviabilizou o acampamento. Decidimos voltar um pouco e procurar um outro ponto da praia.

Eu e Sérgio na chegada ao Acampamento

Andamos uns 200 metros de volta e encontramos uma área protegida com águas calmas. Do lado direito o continente, do lado esquerdo a ilha, à frente o oceano em todo seu esplendor. Palavras de exaltação ao cenário não me faltam, na verdade, me faltam, como esse país é bonito, como as belezas naturais são suntuosas e exuberantes. Estamos perto da perfeição, não fosse a quantidade de lixo eu diria que o paraíso é aqui.

Os carros são alinhados e descemos todos, Fernando lidera o grupo e dá as primeiras instruções: “Vamos lá pessoal, limpar a praia! Henrique e Spíndola, cuidem da cozinha”. Vamos nessa, era isso mesmo que eu estava esperando. Todos estão muito dispostos, ainda é início de tarde e temos muito tempo pela frente com o sol que não mais nos castiga e sim nos agracia com sua presença. Muitos sacos de lixo na mão e o local fica decente, agora sim. Enquanto isso eu e Henrique descarregamos duas churrasqueiras, quatro caixas térmicas, duas mesas, e um monte de tranqueira. O local está escolhido onde ficará a churrasqueira. Logo atrás dela é montada a iluminação para a noite e o gerador é colocado a uns 30 metros de distância.
Descendo acampamento

Samia se junta ao grupo da cozinha, começa a preparar as verduras e arrumar os apetrechos. Enquanto isso vou cortando e temperando o frango e a carne. Henrique está ocupado acendendo o fogo. Com mais meia hora já temos algumas carnes assando e a turma faminta já está reclamando; “Essa carne não sai não?”. Todos reunidos na cozinha, sempre o lugar mais prestigiado de uma festa, bom, pelo menos até ficarem de barriga cheia. O fogo está a toda e os primeiro petiços ficam prontos. Muita cerveja e vinho e uma picanha que parece ter sido escolhida a dedo.

Já tem algumas pessoas tomando banho no mar, que por sinal estava gelado, bem mais frio em Recife onde as águas são quentes. Outra turma vai atrás de lenha para a fogueira que servirá para aquecer a festa da noite. Não sei como conseguiram, mas vieram transportando um tronco de coqueiro que foi a salvação. Muito graveto, algumas coisas que eu nem sei o que eram e estava tudo pronto, agora é só curtir.
Por do Sol

Fui para o mar, estava realmente muito bom. A vida é feita desses momentos, me sinto feliz e sinto falta das pessoas que amo. Penso neles a todo o momento, nessa viagem então...

A tarde desce mansinha com uma cor caramelo parece querer deixar tatuada na memória toda sua beleza, isso é África. Sinto-me livre, o dono do mundo, tenho certeza que hoje posso até pegar o sol. Duvida?
A natureza na minha mão

Com o crepúsculo aquela preguiça começa a bater e quanto o sol vai embora, no início da noite, acontece algo que não esperei. Todos se preparam para tomar banho, isso mesmo banho. Trouxeram vários tonéis com água doce para tirar o sal do dia e deixar todo mundo xeirosinho para o luau. Vou para trás de um carro e levo o meu sabonete e o xampu e me delicio com um legitimo banho de cuia. Putz, a toalha, estou molhando parecendo um cachorro no fim de semana quando é hora do banho. Esqueci a toalha, não acredito. Sozinho atrás do carro, no escuro, toma a decisão, vou secar ao vento. Ahh a liberdade, essa minha idéia não podia ser melhor. Só que a prática é bem diferente da teoria, rapaz que frio. Quando tirei tudo e fiquei com a bunda do lado de fora, branca feito leite, e o vento bateu, uhhh. Pulava na esperança de secar logo, cheguei quase a sobrar para ver se ia mais rápido. Totalmente seco eu não estava, mas não agüentava mais ficar naquela cena de lagoa azul. Cueca, bermuda, camisa, colocando antes um bom desodorante. Por fim um perfume e eu estava pronto para a farra. A sensação é maravilhosa, eu realmente adoro tomar banho.

No meio do acampamento a turma se anima para mais uma rodada de churrasco. Fico ao largo, perto da fogueira que ajudo a acender, na verdade minha ajuda foi mais o tal do apoio moral. O fogo subiu rádio e o que estava bom ficou ainda melhor. Preparamos alguns milhos e batata doce para serem colocadas no fogo. Voltei para a churrasqueira para pilotá-la.

Acho que foi o vinho, mas comecei a queimar alguns pãezinhos que estavam sendo colocados no fogo, eu simplesmente esquecia deles. O som ligado a toda tocava músicas brasileiras, Jota Quest, Ivete, até Xuxa apareceu já no fim da festa. Nada mal eh?

Eu bebi pouco, apenas algumas garrafas de vinho. Isso é pouco? KKKK. Contudo houveram pessoas que chutaram o pau da barraca, sem nomes pediram. Foi uma onda. O soba, que comentei no post anterior, foi uma dessas pessoas. Ele ficou louco, começou a cantar todas as meninas do acampamento, queria porque queria uma mulher para ele. Virou para Fernando e falou: “Cadê a minha? Como fico sem?”. As meninas correram de medo. No fim da festa, naquela hora da Xuxa, o soba já havia tomado todas e eu consegui fazer um vídeo dele dançando Ilarié. Impagável....
Luau

Por volta de uma da manha a bebida simplesmente acabou e com ela a festa. Nunca vi uma festa encerrar tão rápido, parecia até combinado. Ouvem que capotasse na areia, havia também a turma das barracas, eu fui para um dos carros e dormi sozinho. Sozinho é o modo de dizer, havia uma comunidade de mosquitos ali dentro, tenho certeza que estava acontecendo alguma convenção de muriçocas dentro do carro, não é possível. Muito repelente, mas com tanto vinho da cabeça eu pedi liça aos mosquitos, baixei o banco e dormi que parecia estar em Recife, na minha cama.

Tenho certeza que vou sonhar, estou dormindo feliz.

segunda-feira, junho 11, 2007

4 dias sem luz e sem água

Tive que fazer uma pausa nas histórias do acampamento, essa não dá para passar sem colocar no blog. Senta que lá vem história...

Ao virar na esquina de casa uma cena me salta aos olhos. Quinhentos metros a minha frente o condomínio totalmente apagado, uma única luz não havia. Interessante que os postes de iluminação estavam todos acessos. É hoje.

Logo na manhã da sexta, horas antes da imagem à cima, já acordei com a novidade, estamos sem água e energia. Oh maravilha, hora de me preparar para um daqueles banhos de gato com apenas uma garrafa de água de mineral de 1,5 litros. Espero que dessa vez eu e Sérgio não tenhamos esquecido de comprar as garrafas, coisa que fazemos com muita freqüência. Lá estavam elas, as duas últimas. Sérgio desistiu de tomar banho, já eu, criei coragem, peguei as duas garras eu me caminhei cabisbaixo para o banheiro.

Tem todo um processo para se conseguir tomar banho com 1,5 l de água. Começo molhando o cabelo, mas só um pouquinho, ainda bem que o apartamento estava um forno, a água está até quentinha. :) Xampu 2 em 1, lógico, passar duas vezes está fora de questão. Agora é passar no cabelo bem rápido, pois tem que aproveitar o corpo um pouco molhando para passar o sabonete. Oh saudade do dia que a casa inundou e o banheiro ficou cheio de água, se fosse hoje eu ria tomar banho na frente da pia, feliz que só pinto no lixo. Volta, volta, não viaja não que água acaba. Já todo ensaboado o esquema agora é colocar água na cabeça e agitar os dedos rapidamente, pois tem que aproveitar a água descendo para tirar o sabonete do corpo. Lavar todas as partes está fora de questão, só as principais, como embaixo dos braços e nos lugares em que se lavar não foi banho. É, não está ótimo, mas dá para passar. Será que realmente preciso de uma toalha? Hora da barba. A outra garrafa é para isso, barba e dentes. Esse foi mais fácil.

Eu juro, vou matar o sindico, oh administração, sei não. Fiquei sabendo que ficaram 18 meses sem pagar a conta de luz do condomínio. A uns 10 dias a companhia de energia foi lá e cortou definitivamente, ou melhor até normalizar o pagamento. O gerador nesses dias estava trabalhando sem parar e na madrugada da quinta para sexta ele deu seu último suspiro. Tive vontade de ir eu mesmo dar uma olhada no danado, sei que não entendo nada de gerador, mas pelo menos eu podia xingar de perto e quem sabe dar um chute para ver se pegava no tranco feito àquelas televisões velhas.

Por enquanto estou só falando da sexta-feira, fui dormi sem banho, quer dizer, só com o banho de gato que tomei pela manha. A expectativa era que no sábado, até o meio dia, o reparo no gerado fosse realizado.

Sábado pela manhã, abri só um olho, deixei a luz acesa para saber se a energia havia voltado. Votasse? A lâmpada estava lá do mesmo jeito que eu deixei na noite anterior, ou seja, apagada. Só me dei ao trabalho de fechar o mesmo olho e voltei a dormir na vontade de quando acordasse novamente tudo estivesse normal. O desejo foi tão grande que sonhei com luz, muita luz e muita água. Acordei no susto, corri para o banheiro, sonhar com água dá uma vontade de fazer xixi. Droga tudo apagado, e a essa altura o banheiro já estava sujo, ainda não estava em nojo, mas isso é só uma questão de tempo, ainda tempos o fim de semana todo pela frente.

Sérgio nem em casa estava, ai que saudade do Brasil onde isso não acontecia. Eu sei que é cair na mesmice, contudo só damos valor às coisas quando perdemos. Mesmo correndo o risco dos mosquitos com malária abri as janelas de casa, estava um abafado incrível. Almoço vamos lá. Sem água vamos gastar todos os pratos, a pia já começou a dar os primeiro sinais que iria ficar cheia. Perto da geladeira me sinto úmido. Olhar para o chão foi o tempo de ter um Deja vu, acho que foi do meu sonho. O chão cheio de água. A geladeira a mais de um dia desligada fazia a maior água. Como pode um objeto tão pequeno vazar tanta água, é mal comparando um lago essa minha cozinha. Fiquei feliz pela primeira vez de esquecemos de comprar comida, nem tinha muita coisa para estragar. Peguei um último suco pela metade que havia na geladeira e preparei um sanduba, o que mais daria para fazer?

À tarde Sergio chega feliz da vida dizendo que estão todos indo para os prédios de uns amigos tomar banho. Antes que ele pudesse perguntar se eu iria eu já estava na porta pronto, sacolinha na mão e tudo. O cabelo, depois da noite sem banho, estava duro, e eu mais parecia um punk todo arrepiado. Não teve escova ou pente que baixasse o maledito, não verdade só piorou. Minha cabeça parecia ter um balde em cima, a barba também estava mal feita, eu era a própria visão do inferno. Ao chegar na casa de Fred, meu amigo dono do banheiro, oh inveja que estou sentindo dele, tomei um dos banhos mais maravilhosos de toda a minha vida. Fiz a barba e escovei os dentes, eu parecia até gente agora. Isso é que é felicidade.

Sábado à noite estava marcada a festa de aniversário de Clarissa na quadra do prédio. Sem energia tiveram que arranjar um gerador pequeno que infelizmente não pode ser usado para ligar a bomba d’água. Passei o resto do tarde bem quietinho para não suar, afinal banho era uma lenda. A festa foi massa e eu tomei algumas, queria chegar anestesiado em casa e ir direto para a cama. Como já havia dormido muito da sexta para o sábado meu medo era de ficar acordado feito um doido, me batendo dentro de casa.

Domingo pela manha. Precisamos de vela urgentemente, pra ontem, melhor pra sexta. O que vou fazer no dia de hoje, o cabelo está de volta à posição original, ou seja, rock and roll. Passei o dia na cama, sem banho e tentando beber pouca água. O meu maior medo é ir no banheiro, tenho certeza que de dentro daquela sujeira que já se acumula a dois dias vai sair um bicho. Para dormir eu tranco a porta do quarto, não tem que me tire da cabeça que vai sair alguma coisa do vaso sanitário.

Ah, domingo, nada de banho, fiquei em casa, ninguém merece olhar para mim hoje. O cheiro ainda não estava insuportável, mas isso é só uma questão de tempo. À noite, já com as velas compradas, fiquei lendo, na verdade passei o dia todo lendo. Foi lindo, no mínimo romântico, três velinhas e eu lá, parecia mentira, mas não era. Fui dormir pedido para sonhar com água e energia novamente.

Segunda-feira, dia de trabalho, fui à casa de Fred novamente. Entrei correndo e quase não dei bom dia. Tem noção do que é a pessoa dois dias sem tomar banho? Banho tomado, estou novo. Vamos para o trabalho, agora é esperar pela noite e ver ser vai ser mais uma noite romântica a luz de velas.

quinta-feira, junho 07, 2007

Rally - chegada ao acampamento

Imbodeiro

Depois de trinta minutos na estrada avistamos um grande Imbodeiro. É uma árvore realmente grande com o diâmetro do tronco tão grande, mas tão grande que algumas precisariam de umas 20 pessoas para abraçá-la. Certa vez vi um documentário da Regina Case, ela falava sobre essa árvore que no Brasil é conhecida como Baobá. A lenda na África, onde o programa foi filmado, diz que o Imbodeiro era uma árvore muito vaidosa, por ser maior que as outras e muito bonita. Então Deus como castigo a retirou da terra e a colocou de cabeça para baixo. Realmente, na maior parte do ano, quando não há folhas na árvore, os galhos mais parecem a raiz da planta.

Entramos na estrada de terra, todos estão realmente empolgados e os primeiros solavancos do Rally começam a ser sentidos, apenas um aperitivo para o que vinha pela frente. Fred a essa altura começa a se soltar e fazemos uma primeira parada na estrada, motivo, pegar uma cerveja em um dos carros que transportava toda bebida. Uma rodada para todo mundo, o sol até não está tão quente, mas tudo é motivo para tomar uma. Monta todo mundo nos carros e vamos em frente.

Fotos, muitas fotos, fico pensando a todo instante no blog e nas imagens que quero colocar lá. Registro tudo, a posição é boa já que estou na frente da caminhonete que viaja de vidro aberto. Gostaria de mostrar as pessoas tudo que estou vendo. Tenho tanta coisa para contar, tantas histórias imagino olhando esse cenário. Gostaria de escrever um livro. Não espalha, mas tenho um desejo enorme de ser escritor. Louco não?

Soba

Mais um integrante vai ser adicionado à aventura. No meio do caminho paramos em uma casa simples. A construção de barro lembra uma casa de taipa. Existe um pequeno roçado de macaxeira e alguns legumes. Dois pés de goiaba e uma espécie de mesa, feita com palha de coqueiro. Sobre essa mesa, peixes secando. É um alimento típico da população esse peixe seco, geralmente servido com a macaxeira e forma de fungi. Da casa sai um senhor que vim descobrir é bem mais velho do que aparenta. Pensei que ele tivesse uns 50 anos, mas na verdade já passara dos 70. Seu nome esqueci, contudo a forma como todos o chamam, ou melhor, o seu “título”, é Soba.

Soba é um tipo de líder comunitário, um cassique. O mais interessante é que o Soba tem poder político, administrativo e realiza até pequenos julgamentos dentro da sua comuna. Comuna é um espaço de terra que pode compreender alguns bairros. As comunas existem dentro e fora da cidade e nesse caso, como estamos em um meio rural, é uma área bem grande onde quem manda é o soba. Se existe uma briga em casa ou entre visinhos, o soba é chamado para resolver e o que ele falar é lei. Se o governo quer instalar uma escola no local, tem que antes falar com soba. Se o governo disser que vai ficar do lado esquerdo e o soba disse que vai ser do lado direito, vale o que o soba disser. Alem disso se ele disser que não vão colocar escola nenhuma a decisão vai ser essa.

Sobe o soba, outra rodada de cervejas e pé na estrada. O primeiro carro a atolar é o menor de todos, uma Tucson. O carro é parecido com uma Ecosporte e vai conduzido por João Pedro. Desce todo mundo, corda, pá, mão, vale tudo e todo mundo ajudando, pense numa empolgação, parece até que gostaram por temos parado. Hora de baixar os pneus, isso vai ajudar no off-road. Puxa para cá, empurra para lá e o carro sai. Antes de seguirmos viajem mais uma rodada de cerveja. Estou achando que essa bebida não vai dar nem para chegar ao acampamento.

Baixando pneus

Fotos, fotos, fotos. Por incrível que pareça e apesar da quantidade de areia e terra fofa, é possível ver muitas marcas de pneu de carro. No caminho muitas casas, quer de nativos, quer de veraneio. Existem algumas casas pré-fabricadas, descobri depois que eram de pessoas que são autorizadas pelos proprietárias a ficar ali, contudo não podiam construir em alvenaria para não fixar residência. Essas cassas de madeira são utilizadas nos finais de semana, casa de praia.

Chegamos a um campo com grandes palmeiras. Dou nome ao lugar de terra de gigantes. Uma vegetação baixa cobre quase todo campo. No meio grandes gigantes, palmeiras que sozinhas já seriam esplendorosas, mas juntas, UAU. As imagens são incríveis e fico pensando nas pessoas que amo e como gostaria que elas estivessem aqui. Minha irmã iria adorar a aventura. Parar, xixi, cerveja e novamente pé na taboa. Vamos aos trancos e barrancos, literalmente, e essa é a melhor parte. Henrique dirige muito bem, ele me disse que já tem experiência com rallys e que possui uma Toyota no Brasil só para isso. Em um dos buracos dou uma cabeçada no retrovisor que está doendo até agora (exagero danado). Serio mesmo doeu pra caramba, mas para tudo na vida existe uma solução e para resolver essa só tem um jeito. PASSA AI MAIS UMA CERVEJA!!!
Terra de gigantes

Passado os gigantes chegamos no local mais difícil de travessia, uma faixa de terra que quando a maré enche muito cobre e transforma a península em uma verdadeira ilha. A areia é muito fofa e com certeza teremos muito trabalho para atravessar. Os carros atolam com uma facilidade impressionante, deu bobeira já era. A Tucson, coitada, depois de muito parar, foi rebocada o resto do caminho por uma grande Toyota que faz parte da expedição. São 6 carros em um cenário que mais parece as dunas de Natal, lindo, o que mais posso dizer? De um lado o mar protegido da península e do outro lado o oceano aberto. O dia está calmo, com pouco vento, assim, tanto de um lado como do outro as águas estão bem calmas. Outra parada, mais uma cerveja. Pensei agora em uma música para esse rally ela seria mais ou menos assim: 360 quilômetros, 360 quilômetros, para um pouquinho, cerveja pra dentro, 360 quilômetros. Lembra dessa música?

Passamos por pequenas casas e por um bar que reconheço, já vim aqui algumas vezes de barco, seu nome Barsulo. Atravessando toda a península chegamos ao ponto mais próximo do continente, pronto, ora de descer e montar acampamento. Ao descer do carro a primeira pessoa que vejo é Sérgio, que veio no carro das bebidas e já estava mais para lá do que pra cá. A turma se junta e é hora de montar o acampamento.