sexta-feira, março 30, 2007

90 casos de cólera notificados em 3 dias em Luanda

Tenho relatado sempre as condições sanitárias de Angola, que em minha opinião são realmente muito precárias. Alguns anos atrás lembro de uma forte campanha contra o cólera no Brasil. Na época muitos anúncios em todos os tipos de mídia relatavam a forma de transmissão, os sintomas e principalmente as formas de prevenção.

Desconheço aqui em Angola uma entidade, semelhante a Anvisa (www.anvisa.gov.br) no Brasil, que fiscalize e que imponha normas e padrões para a higiene de estabelecimentos em geral. Fico preocupado particularmente com os vegetais crus dos restaurantes e os comprados nas ruas. A carne vendida, quando não é importada, são outra fonte de preocupação, e nesse caso penso nas várias refeições que faço na rua. Com relação às carnes não é o cólera, mas sim outras tantas doenças que podem ser causadas por uma falta de cuidado com a qualidade dos alimentos, que me incomodam.

Chamou-me atenção a matéria que registrava 90 casos de cólera, apenas em Luanda, nos últimos 3 dias. Quando falamos de um número como esse, considerando que a saúde aqui é algo e de tão difícil acesso ou mesmo pior quando comprado ao Brasil, tenho a certeza que muitos outros casos sequer foram notificados. Claro que estou apenas especulando, mas imagino que para cada caso notificado uma quantidade muito maior passa sem diagnóstico.

Novatos tenham muito cuidados com os alimentos e com a água. Nada de pensar em beber se não for mineral, fora isso, estão lembrados do gelo? Admito porem que já abstrai o gelo, estou tomando desde que cheguei e até agora não fiquei doente, ou melhor, germes é a realidade de todo morador de Angola.

Ai ai, esse assunto não tem fim. Vou acabar o post, pois já estou ficando preocupado!

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Notificados 90 casos de cólera em Luanda nas últimas 72 horas - Angop
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13969

Noventa casos de cólera, sem óbito, foram notificados pelas autoridades sanitárioas de Luanda, nas últimas 72 horas, em três dos nove municípios, afectando maioritariamente mulheres e crianças.

A médica da Direcção Provincial de Saúde Pública, Isabel Massacolo, disse hoje à Angop que os casos, uma média de 45 por dia, foram notificados nos municípios do Sambizanga, Cacuaco e Cazenga.

A fonte acrescentou que comparativamente ao período anterior, houve uma diminuição de 32 casos.

Isabel Massocolo apelou à população para a necessidade do cumprimento das medidas preventivas para se evitar a contaminação da doença.

Com uma população estimada em cinco milhões de habitantes, a província de Luanda ocupa uma área de cerca de 450 quilómetros quadrados e é constituída pelos municípios da Ingombota, Samba, Maianga, Rangel, Samba, Sambizanga, Kilamba Kiaxi, Cacuaco e Viana.

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Cólera
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3lera

A Cólera (ou cólera asiática) é uma doença causada pelo vibrião colérico (Vibrio cholerae), uma bactéria em forma de vírgula ou bastonete que se multiplica rapidamente no intestino humano produzindo potente toxina que provoca diarréia intensa. Ela afeta apenas os seres humanos e a sua transmissão é diretamente dos dejetos fecais de doentes por ingestão oral, principalmente em água contaminada.


Transmissão
A cólera é transmitida através da ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes humanas. São necessários em média 100 milhões de víbrios (e no mínimo um milhão) ingeridos para se estabelecer a infecção, uma vez que não são resistentes à acidez gástrica e morrem em grandes números na passagem pelo estômago.

Tratamento
O tratamento imediato é o soro fisiológico ou soro caseiro para repor a água e os sais minerais: uma pitada de sal, meia xícara de açúcar e meio litro de água tratada. No hospital, é administrado de emergência por via intravenosa solução salina. A causa é adicionalmente eliminada com doses de antibióticos, dos quais o primeiro a ser usado é a tetraciclina, e depois o cotrimexazole.

A higiene e o tratamento da água e do esgoto são as principais formas de prevenção. A fervura da água de consumo é eficaz na destruição da bactéria.

A vacina existente é de baixa eficácia (50% de imunização) e o seu efeito dura apenas de 3 a 6 meses após a administração, o que a torna inviável.


História
A cólera provavelmente originou-se no vale do rio Ganges, Índia. As epidemias surgiam invariavelmente durante os festivais hindus realizados no rio, em que grande número de pessoas banhavam-se em más condições de higiene. O vibrião vive naturalmente na água e infectava os banhistas que depois o transmitiam por toda a Índia nas suas comunidades de origem. Algumas epidemias também surgiram devido a peregrinos nos países vizinhos com aderentes da religião hindu, como Indonésia, Birmânia e China.

Foi descrita pela primeira vez no século XVI pelo português Garcia da Orta, trabalhando na sua propriedade, Bombaim, no Estado da Índia Português. Foi o inglês John Snow que descobriu a relação entre água suja e cólera em 1854. A bactéria Vibrio cholerae foi identificada pelo célebre microbiologista Robert Koch em 1883.

Foi só em 1817, com o estabelecimento do Raj britânico na Índia, e particularmente na região de Calcutá, espalhou-se a cólera pela pimeira vez para fora da região da Índia e paises vizinhos. Ela foi transportada por militares ingleses nos seus navios para uma série de portos e a sua disseminação tra-la-ia à Europa e Médio Oriente, onde até então era desconhecida. Em 1833 chegou aos EUA e México, tornando-se uma doença global.

Numa das primeiras epidemias no Cairo, matou 13% da população. Estabeleceu-se em Meca e Medina, onde as peregrinações religiosas muçulmanas do Hajj permitiam concentrações suficientes de seres humanos para se dar a cadeia de transmissão da epidemia, assim como nas cidades grandes da Europa. Na Arábia foi endêmica até ao século XX, matando inúmeros peregrinos, tendo sido aí que surgiu o agora disseminado serovar eltor. A disseminação pelos peregrinos, vindos de todo o mundo muçulmano de Marrocos até às Indonésia, foi importante na sua globalização assim como os navios comerciais europeus.

Durante o século XIX, surgiram abruptamente várias epidemias nas cidades europeias, matando milhares em epidemias em Londres, Paris, Lisboa e outras grandes cidades. Uma dessas epidemias em Londres, 1854, levou ao estabelecimento das primeiras medidas de saúde pública, após constatação que poços contaminados estavam na origem da doença, pelo médico John Snow.

Dólar fecha em menor valor em seis anos

http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL15784-5599,00.html
Matéria retirada do portal de notícias da globo – www.g1.com.

Valorização do real é a maior desde março de 2001.
BC comprou dólares, mas não conteve a baixa da moeda americana.


O dólar fechou nesta quinta-feira (29) no menor valor em seis anos. A moeda norte-americana teve queda de 1,16%, fechando a R$ 2,045, a menor cotação desde março de 2001. Em 2007, a moeda americana já acumula desvalorização de 4,26%.

Nem a atuação do Banco Central, que comprou dólares para tentar conter a valorização do real, conseguiu conter a alta.

Com a Bovespa em alta, a menor preocupação com a economia norte-americana e os níveis recordes de baixa do risco-país (que chegou a ficar alguns momentos abaixo de 170 pontos nesta quinta-feira), a impressão no mercado é que a moeda pode vir a cair ainda mais. O real pode "testar" o patamar de dois para um perante o dólar. Ou seja: o brasileiro precisará de R$ 2 para comprar US$ 1.

Recentemente, em visita ao Brasil, Jim O'Neil, analista do banco Goldman Sachs, disse que o fortalecimento da economia brasileira levaria necessariamente à valorização do real sobre o dólar. Segundo ele, não é improvável de que a moeda americana chegue a valer R$ 2 no curto prazo.

(Com informações da Reuters e do Valor Online)

quinta-feira, março 29, 2007

Feira de artesanatos do Benfica

Elefantes - Feria de artesanatos do Benfica, Luanda - Angola


Esse é um assunto que vai render muitos post’s, pois merece. Garanto que nunca vi nada parecido, tudo é muito bonito, bom, quando não é lindo, pelo menos assusta. Essa é uma parada obrigatória a todo viajante que chega a Luanda.

Saindo o centro e indo para sul, passando pelo Talatona, se chega ao Benfica. Segue-se em frente ficando sempre atento a paisagem. Passa-se por uma ponte, a ponte do Benfica, e continua-se o caminho. Um quilômetro depois da ponte, aproximadamente, se vê do lado direito do carro a feira de artesanatos.

Logo de cara algumas dicas, leve o dinheiro bem guardado, como há muitas pessoas no local, fica a possibilidade de roubo, já escutei casos desses. Estacione o carro e escolha um dos guardadores, escolha mesmo, aponte e diga que é ele, caso contrario fica uma enorme quantidade de flanelinhas pedindo para guardar o carro. Leve uns US$ 200,00, acredito que será o suficiente, pois apesar de não ser muito barato, dá vontade de levar tudo. A pior parte do passeio, com certeza, fica por conta dos vendedores que ficam puxando e chamando, realmente muito chato, chega a assustar, mas não deixe que isso o desanime a conhecer a feira.

Quadros - Feria de artesanatos do Benfica, Luanda - Angola


Lindas esculturas de madeira, elefantes, rinocerontes, o pensador (símbolo de Angola), o caçador, Palancas negras, girafas, mesinhas maravilhosas, caixinhas esculpidas que nem dá para acreditar que existem. Realmente é maravilho e só existem aqui. Encontram-se também peças em marfim, particularmente não simpatizo com a compra, além do que essas não podem sair legalmente do país. Os quadros são contagiantes e bem caros. Muitas pulseiras, brincos e pinduricalhos para fã nenhuma de bijuteria colocar defeito. Bom, absolutamente incrível, vale muito a pena.

Como disse no começo tenho muito a falar sobre a feira, mas porque esgotar o assunto todo de uma vez? Afinal, a posse é a morte do desejo.

Girafas - Feria de artesanatos do Benfica, Luanda - Angola

quarta-feira, março 28, 2007

Samba ou Rocha?

Essa pergunta é sempre feita, pelos moradores do bairro de Talatona, nos dias após uma noite de chuva. O trânsito é caótico, tem que ter muita paciência, mas nos dias de chuva, garanto que dá vontade de chorar. Para chegar ao centro só há dois caminhos ou pelo bairro do Rocha Pinto ou pelo bairro do Samba.

A via do bairro do samba fica próxima à orla e foi construída escavando alguns morros do local. Quando a chuva é muito intensa essa terra invade a pista chegando algumas vezes a inviabilizar totalmente a passagem, geralmente, entretanto, a passagem só fica lenta. Quando as grandes chuvas ocorrem só utilizando tratores para resolver o problema. Já a via do Rocha Pinto é a principal rota dos Kandogueiros, transporte realizado por vans. As leis de transito em Angola até existem, mas o desrespeito e a incapacidade da policia ao lidar com isso são gritantes. Desta forma, mesmo sem a terra na rua, essa via é sempre complicada e demorada.

Pelas fotos dá para ver o tamanho dos estragos que as águas causam em Luanda. As ruas têm sempre muita terra, o que com a água forma um lamaceiro incrível. Claro que nem sempre a situação é essa, mas vez por outra acontece.

No final do ano passado uma grande chuva ocorreu em Luanda. No dia de maior precipitação sequer conseguimos ir trabalhar, ficamos ilhados em casa. Muitos foram os desabamentos de morros, queda de pontes e destruição de casas. Nessa época morreram mais de 80 pessoas vítimas das tempestades só na capital.

Infelizmente não há galerias de escoamento de água e quando as águas chegam é um deus nos acuda. Mesmo com tudo isso a população sofre com a falta de água potável em casa.

terça-feira, março 27, 2007

Coca-Cola que nada, em Angola o refrigerante é BLUE

Tubaina, refresco, quisuco, pode chamar do que quiser, mas no Brasil a formula de refrigerantes baratos e com uma qualidade razoável fazem muito sucesso. Lembro por ocasião da abertura Frevo em Pernambuco. Logo de cara foi um sucesso e em todo carrinho de cachorro-quente só servia Frevo. Por sinal esses refrigerantes mudaram a forma de vender cachorro-quente, foi após a chegada deles no comercio que se começou a se vender o sanduíche junto com o copo de refrigerante.

Em Angola acontece algo semelhante. O refrigerante que faz mais sucesso entre os locais é o Blue. Fabricado pela Refriango esse refrigerante simples é vendido em toda esquina, literalmente, na rua há muita pessoas vendendo o refrigerante, sejam em pequenas lojas, mercados e até ambulantes. O preço na rua é de 50 Wkanza a lata, aproximadamente 60 centavos de dólar, claro que no mercado ele ainda é mais barato.

Um dos sabores mais exóticos é o de manga, lançado recentemente. Os sabores de fruta são dominantes e não há um de cola, semelhante a coca-cola. A Refriango faz outro refrigerante chamado American Cola que já faz esse papel.

Particularmente não gosto muito do refrigerante, é bem diferente para o meu paladar. A impressão que tenho é que é um suco com gás, contudo que o gás não aderiu ao líquido. Com certeza é por conta de estar acostumado com os refrigerantes da Coca-Cola e da Ambev.

Se vier a Angola, não deixe de provar BLUE.

segunda-feira, março 26, 2007

28/03 Inauguração do Belas Shopping

Parece que agora sai a inauguração do tão esperado Belas Shopping - www.beleasshopping.com. A primeira data dada para a abertura foi em fevereiro, desde lá muita especulação e várias datas sendo dadas, tudo pelo jeito não passou de boato. Entretanto agora a data prometida é para o próximo dia 28 de março. As campanhas na televisão e no rádio estão a todo vapor o que dá credibilidade a abertura.

Fico imaginando o Angolano médio, por ser esse o primeiro shopping do país, ao entrar nesse novo empreendimento. Tenho certeza que vai mexer muito com a forma como as pessoas locais fazem suas compras. Para se ter uma idéia a maioria das lojas do centro, praticamente todas, fecham para o almoço. O horário de funcionamento do shopping é bem generoso, até mesmo para os padrões Brasileiros, de segunda a domingo das 9:00 h as 22:00 h.

Cineplace - Cinema do Belas


Com certeza além da comodidade das compras, pois nem sempre é fácil achar o que se precisa em Luanda, a abertura do cinema é o mais esperado por mim. Eu que sou cinéfilo de carteirinha mal consigo conter minha empolgação. Novos tempos em Luanda, novos tempo.

A empresa responsável pela administração chama-se Enashopp. Já o investimento é 70% Angolano (HO Gestão de Investimentos – HOGI) e 30 % Brasileiro (Odebrecht Angola). A Odebrecht por sinal foi a empresa responsável pela construção, sendo o total investido de US$ 35 milhões. Durante a construção foram empregadas aproximadamente 1000 pessoas e após a inauguração serão 950 empregos diretos e 2 mil e 500 postos de trabalho indiretos.

O shopping está localizado no bairro de Talatona e fica bem próximo a minha casa. Perto também fica o CCTA (Centro de Convenções de Talatona).

Belas Shopping


Destaco as seguintes lojas no novo shopping:
- Mister Sheik - Comidas Rápidas
- Richard´s - Moda Unissex
- Bob's - Comidas Rápidas
- Cineplace - Cinema
- Ellus - Moda Feminina
- IODICE - Moda Feminina
- Livraria Nobel - Livraria / Papelaria
- Shoprite - Supermercado
- Sushi - Comidas Rápidas

Abaixo um pequeno histórico encontrado na página do Belas.

Historico
A intensificação das relações bilaterais entre Brasil e África resulta na construção do primeiro shopping center de Angola, o Belas Shopping, empreendimento lançado em dezembro de 2005. O shopping center nasce sob a luz do terceiro milênio e signo da modernidade, a partir de investimento total da ordem de US$ 35 milhões. A Enashopp é a responsável pelo planeamento, comercialização e implantação do shopping angolano e, após a sua inauguração, pela administração e operação do equipamento.

O Belas Shopping tem como investidores a HO Gestão de Investimentos – HOGI, empresa angolana com 70% de participação acionária, e a Odebrecht Angola, que além de ser a construtora do empreendimento detém 30% do negócio.

Um dos 54 países do continente africano, Angola tem uma área de 1.246.700 km² e população de aproximadamente 12,9 milhões de habitantes (2000). O Belas Shopping marca a chegada em Angola do ícone da sociedade de consumo, lazer e entretenimento presente em todo o mundo. O equipamento está em um terreno de 119.418,47 m², cravado no bairro de Talatona, na zona sul de Luanda. O projecto arquitetônico é assinado pelos arquitetos baianos André Sá e Francisco Mota.

A HOGI e Odebrecht Angola apostam no desdobramento econômico natural que favorecerá a cidade de Luanda, decorrente da instalação de um grande centro comercial, projetado com a previsão de cinco futuras expansões. “Na fase de construção, as obras vão empregar 1.000 pessoas. Quando for inaugurado, o Belas Shopping irá gerar, inicialmente, 950 empregos diretos e 2 mil e 500 postos de trabalho indiretos”, informou Décio Silva, da HOGI.

sexta-feira, março 23, 2007

Catinga X Sebo. Qual a diferença?

Qual a primeira imagem que vêm a sua cabeça quando falamos a palavra África? Na minha vem a idéia das savanas, o Egito, o deserto do Saara, imagens de muita terra e pouca água. Nesses tempos em que o assunto do momento é o aquecimento global, a questão da água aparece sempre atrelada às discussões.

No Brasil falamos muito sobre seca, hoje em dia menos que nos meus tempos de criança, mas a verdade é que o meu país é super-privilegiado nas reservas hídricas. A água é barata e em abundância, talvez por isso demos tão pouco valor.

Agora junte as palavras África e água, qual o resultado da sua cabeça? Na minha é outra palavra “caos”. Vivendo aqui vejo como essa situação é difícil. A cidade de Luanda que é tomada por grandes Musseques (favelas) tem sérios problemas de abastecimento de água. As pessoas não têm acesso a água em casa. Todos os dias pela manhã, vejo muitas crianças e mulheres indo as vias principais onde os carros passam para pegar água. Algums casas nas via principal, onde devem passar as tubulações de água, tem uma torneira no muro que fica virada para a rua. Nessas torneiras é que se juntam as pessoas todas as manhãs para pegar água em reservatórios ou mesmo em baldes e bacias. São muitas as filas na via e muitas pessoas carregando baldes na cabeça ou em carrinhos se dirigindo as suas casas. Toda manhã a mesma cena.

A higiene é algo que para os padrões que estou acostumado ficam muito a desejar, na verdade a falta de assepsia é algo cultural em Angola. Existem duas palavras para o cheiro “fedor” dos brancos e dos negros. O dos brancos é chamado de “sebo” e nos negros “catinga”, assim se um negro “fede” é chamando de catingoso, já um branco “seboso”. Para o Angolano no não ter catinga é algo broxante. Algumas Angolanas, como a empregada da minha casa, já me disseram que os homens rejeitam as mulheres que não tem catinga. Vai entender...

Esse é um assunto extenso vou me detalhar em pontos específicos em post’s mais a frente. Por hora a lição que já está mais do que repetida: Valorizem a água.


Em tempo: Olha a definição do Aurélio para Musseque.

musseque
[Do quimb. museke, ‘quinta’; ‘lugar de areia’.]
Substantivo masculino.
1.Angol. Bairro pobre na periferia de Luanda, capital de Angola (África):
“Os musseques são bairros humildes / de gente humilde” (Agostinho Neto, Sagrada Esperança, p. 38).


Musseque de Angola - Bairro do Rocha Pinto



Água um bem precioso mas mal gerido em Angola
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13889


A distribuição de água por pessoa estimada em 1.000 metros cúbicos dia é deficiente em Angola enquanto que entre regiões ela escasseia de Norte a Sul tornando mais de um terço do território desértico ou semi desértico o que contrasta com os números sobre o potencial hidrográfico.

Por ocasião do dia mundial da água, que hoje se assinala sob o lema «Enfrentando a escassez de Agua», o Ministério da Energia e Águas de Angola escreve em uma nota distribuída em Luanda que para fazer frente a ma distribuição do precioso líquido tem já aprovado planos directores de curto e médio prazos para as diferentes cidades do país.

Assim «estão a ser desenvolvidos esforços para por em marcha um programa de obras de regularização das principais bacias hidrográficas de modo a torná-las potenciais armas de combate aos fenómenos extremos de cheias e seca».

O potencial hidrográfico de Angola, em conjunto com os dois Congos, representa mais de metade dos recursos hídricos do continente africano, sendo considerado por especialistas como uma provável mola impulsionadora da integração económica e social da África Central.

De acordo com a última edição do Relatório Económico de Angola, a água existente nos três Estados atinge a fasquia dos 60 por cento, onde Angola se apresenta como um dos principais beneficiados.

A título de exemplo, a pesquisa refere que a região angolana entre os rios Kwanza e Catumbela (províncias de Malanje, Bié, Huambo, Benguela, Kwanza Norte e Sul) concentra 80 por cento do potencial hídrico inventariado no país.

Deste potencial, o rio Kwanza, o maior de Angola, detém 45 por cento, podendo ser nele construídas 11 barragens. No entanto, no médio Kwanza já estão edificadas as centrais hidroeléctricas de Kapanda e de Cambambe, existindo entre as duas mais sete projectos do género.

O estudo também faz referência à bacia hidrográfica do rio Keve, onde poderão ser edificados oito projectos. Não parando por aí, as projecções do Relatório Económico de Angola avançam a possibilidade de construção de dez barragens na bacia do rio Lucala, enquanto no Cunene estão planeados 12 esquemas hídricos.

No dia mundial da água, a OMS recorda que mais de 1,6 milhões de pessoas morrem anualmente por falta de água potável e um sistema básico de saneamento. Destes afectados 90% são crianças menores de cinco anos.

Quando a agua rareia, diz a OMS, muitos populares vêem-se obrigados a abastecer-se de água não salubre e em quantidades insuficientes que não chega para a higiene pessoal.

Ainda esta semana Organizações Não Governamentais e governos de todo o mundo reunidos em Bruxelas numa assembleia do Parlamento Europeu sobre a água defenderam a necessidade de se reconhecer a água como um direito humano e que a gestão deste precioso líquido não deve ficar sobre tutela de empresas privadas, mas sim dos Estados.

quinta-feira, março 22, 2007

A cura da AIDS em Gâmbia

Yahya Jammeh presidente de Gâmbia
Realizando a cura da AIDS

As ditas curas milagrosas estão tão presentes no nosso dia a dia, mas desejamos no nosso íntimo que elas sejam verdade e por isso nos deixamos enganar. Só para citar algumas: dietas milagrosas, dinheiro fácil, igrejas que prometem resolver todos os seus problemas médicos e financeiros, etc... A lista é interminável.

O ser humano tem a necessidade de acreditar em alguma coisa e tem a tendência a querer tudo mais fácil, até ai bem lógico não? Não que as coisas boas não possam acontecer às pessoas, mas para cada coisa que cai no nosso colo uma outra centena tem que ser construída no dia a dia. Quer coisa mais fácil de fazer do que regime? Nossa mas como é chato e difícil.

Vez por outra aparece um irresponsável, com muito poder, ou desejando mais poder, e sai com uma proposta como a colocada abaixo. É verdade que as curas milagrosas por estarem nos desejos mais profundos do ser humano influenciam e fazem as pessoas se submeterem os caprichos dos ditos curandeiros. E afinal, isso não é poder?

Tire suas próprias conclusões o que parece ao leitor? Você concorda comigo?


Gâmbia


Líder de Gâmbia diz curar a aids
http://www.estado.com.br/editorias/2007/03/19/int-1.93.9.20070319.11.1.xml

‘Tratamento’ com ervas, rezas e bananas deixa autoridades de saúde apreensivas

DER SPIEGEL, BANJUL, GÂMBIA

No único hospital da capital Banjul, pacientes com aids recebem diariamente sua dose de remédios: uma pasta verde, uma infusão de ervas amarelada e amarga, e duas bananas.

Este se tornou o tratamento para aids em Gâmbia, desde que o presidente Yahya Jammeh anunciou em janeiro ter descoberto a cura da doença num sonho. Segundo ele, seus ancestrais lhe revelaram a fórmula da infusão e da pasta compostas por ervas e especiarias. Jammeh afirmou ainda que entre 3 e 30 dias, os pacientes soropositivos tratados por ele estariam livres do vírus.

O anúncio de Jammeh chocou a comunidade médica internacional, que acusou o presidente de trazer falsas esperanças aos pacientes, que são obrigados a abandonar o tratamento com drogas anti-retrovirais. Atualmente no país, 1,2% da população adulta está infectada. A representante da ONU em Gâmbia, Fadzai Gwaradzimba, foi expulsa do país após exigir que os pacientes fossem examinados por especialistas internacionais.

Desde janeiro, Jammeh, um militar que chegou ao poder após um golpe em 1994, afirma ter curado nove pessoas e começou o tratamento de mais 30. A suposta cura da aids começa com Jammeh espalhando a pasta verde sobre o peito do paciente enquanto recita versos do Alcorão. O paciente então bebe o líquido amarelo e termina o ritual comendo duas bananas. Apesar das críticas, pacientes de Jammeh insistem que o tratamento funciona. Para Ousman Sowe, “é como se o presidente tirasse a dor do meu corpo”.

Yahya Jammeh presidente de Gâmbia
Realizando a cura da AIDS

quarta-feira, março 21, 2007

Bolha da habitação

Condomínio Jardins de Talatona - Município de Belas


Apesar não acompanhar o mercado imobiliário de Angola muito de perto, outro dia fui atrás para saber o custo de uma residência aqui. A minha intenção, devido fato de que como pretendo passar um tempo aqui, investir em Angola. Escutei dizer nessa época que a taxa de retorno do investimento e bastante alta e que o tempo de retorno bastante pequeno.

Comecei vendo um apartamento em um dos muitos condomínios que começam a ser construídos em Angola. Parece que de uma hora para outra todo mundo decidiu construir em Luanda, isso vai causar a bolha, mas já explico mais na frente. Vou fazer uma comparação com um mercado que conheço. Apartamento dois quartos com uma vaga de garagem, simples, em Recife são vendidos por U$ 20.000,00 a U$ 40.000,00. A aqui em Luanda os apartamentos de entrada, ou seja, os mais baratos têm o seu preço começando em U$ 150.000,00. Tudo bem que estou considerando uma das melhores localizações de Luanda, o município de Belas, mas os preços que dei são de Boa Viagem em Recife, bairro nobre. Há algumas casas próximo onde moro, em um condomínio fechado, que tem o seu preço, segundo um amigo, começando em U$ 1.000.000,00. UAU!!!!

Já deu para perceber que o mercado aqui não para crianças. Agora mais um detalhe, praticamente não há financiamento de casas ou coisas do tipo. Os carros, só para ilustrar, são comprados à vista ou divididos em pouquíssimas parcelas, três, por exemplo.

Aluguel é outra gracinha. O apartamento em que estou morando, dois quartos com cozinha americana, vale por volta de U$ 200.000,00 tem o seu aluguel estipulado em U$ 3.000,00. UAU novamente!

Um detalhe, os prédios onde resido foram construídos pelo governo e doados a alguns militares como forma de garantir uma renda após o fim da guerra. Conclua comigo, eles não custaram nada ou quase nada para os seus donos. Fora isso o serviço interno é horrível, a piscina vive suja, bem como as escadas, a TV a cabo não funciona no meu prédio todo, a internet se fosse discada era melhor do que a disponibilizada, ou seja, muito aquém dos padrões que estamos acostumados no Brasil.

Os proprietários não estão nem ai para cativar os inquilinos haja vista que a procura hoje ainda é muito maior que a oferta. O fato é que mesmo com todas essas condições há lista de espera para alugar os apartamentos. Ruim com eles, muito pior sem eles. Antes que você pense em ir para um hotel, o preço de um três estrelas está por volta de U$ 150,00. E acreditem, os três estrelas daqui são bem piores que os três estrelas do Brasil, tenha certeza disso.

Em pouquíssimo tempo, um ou dois anos acredito, essa situação vai ser reverter drasticamente. A quantidade de construções de moradias é espantosa e com a queda na demanda os preços vão cair também. Como os proprietários não se incomodam em cativar os seus inquilinos, a tendência é que as pessoas troquem de moradia.

Entretanto sempre gosto de ver o outro lado da história, até agora só contei o lado de quem paga. O que você no lugar do proprietário faria? Faria diferente?

terça-feira, março 20, 2007

Por 10 contos não vem 1 real de vento!

Vista da minha da cobertura do meu prédio, município de Belas


Ta ai uma característica engaçada de Luanda. No dia da minha chegada a minha primeira providencia ao chegar em casa foi abrir a janela, depois fui repreendido pela questão dos mosquitos. Entretanto durante o tempo em que janela ficou aberta não passava por esta sequer uma brisa. Olhe que eu moro no quarto andar, mas nada de vento. É verdade que nem sempre é assim, mas a grande maioria do tempo à situação é essa: nada de vento!

Já estou aqui a quase seis meses e por isso me arrisco a falar algo desse tipo. Já presenciei o verão e peguei um pouquinho do inverno, por sinal um verão dos mais chuvosos já ocorridos, segundo os jornais.

No centro da cidade o que se vê é que as árvores praticamente não mexem a copa. Mesmo na orla, perto da baia de Luanda, as palmeiras que lá estão dificilmente tem suas folhas movidas pela ação do vento.

Outro dia fui a um restaurante, o Espaço Bahia, muito bom, à beira mar. Dizem que é da filha do Djavan. O lugar é ótimo, a vista muito boa, mas a falta de um ar-condicionado não passa despercebida. Imagino que durante a construção os arquitetos pensaram em dar um clima de praia, já que é beira da baia, esperavam por certo uma brisa do mar. A realidade é que o calor é um absurdo. Colocaram uns ventiladores por lá, mas realmente não deu conta.

Fico imaginando se o vento aqui se fizesse presente, provavelmente a cidade seria diferente. Afirmo isso, pois a quantidade de terra nas ruas é muito grande, lembra um pouco Natal - RN e a parte da cidade que fica perto das dunas. A terra aqui, no entanto é vermelha mais puxando para o barro. Se o vento aqui fosse forte a cidade viveria coberta de uma neblina de terra. Bom, assim fico imaginado.

Aqui em Angola passo quase todo tempo no ar-condicionado, mas se não fosse isso eu iria chorar, afinal por 10 contos não vem 1 real de vento!

segunda-feira, março 19, 2007

Fazer regime em Angola é bem caro!

Já falei outras vezes aqui mesmo no blog como é caro comer em Angola. Além do preço bem salgado, restaurantes simples cobram a refeição por U$ 18,00. A variedade de produtos específicos não é grande nos supermercados, além de não existir facilmente lugares na rua para se fazer refeições leves. O gênero alimentício mais barato de Luanda são os carboidratos. De longe os mais caros são as verduras e frutas.

Outro dia fiquei com vontade de comer um Kiwi, fui até o novo supermercado do shopping e por pura sorte encontrei o danado. Digo pura sorte, pois a regularidade do abastecimento é algo espantoso. Sinceramente não sei se por incompetência dos gerentes ou mesmo dificuldades de logísticas, mas o fato é que no final do ano ficamos uns 4 meses se queijo prato ou mussarela. Agora digam o preço do danado do Kiwi, realmente uma bagatela U$ 2,50 a unidade. Depois que passou no caixa que eu me dei conta, pense num negocio caro.

Agora vou colocar outro exemplo, o quilo do tomate é mais caro que o quilo de carne. Isso mesmo o tomate estava por vota de U$ 10,00 o quilo enquanto que a carne para bife eu compro por volta de U$ 6,00. Frutas e verduras de uma forma geral são muito caras e por conta disso os restaurantes não usam muito. Mesmo quando usam a quantidade de cólera e germes me inibem o consumo. Ai ai, como diria a célebre propaganda “quando agente não quer qualquer desculpa serve”.

Bom, hoje mesmo vou voltar a andar, daqui a pouco vou fazer uma caminhada. E prometo, registrado aqui que: Nunca mais eu como besteira ONTEM.

Boa sorte para mim.

sexta-feira, março 16, 2007

Roubo nos contrastes!

Outro dia percebi que o caixa de um dos restaurantes que gosto de ir sempre que eu dava um valor em dólares para ele, este sempre me devolvia o troco faltando de 30 a 70 Kwanzs. No começo achei que era falta de troco e deixei para lá. Contudo considerando a quantidade de vezes que vou a esse restaurante comecei a notar que ele fazia isso sistematicamente. Fiquei pensando, se o restaurante serve 150 pratos por dia e o dito rapaz pega uma média de Kz 50,00 por prato, então ao final do dia ele tem Kz 7.500,00. Multiplicando isso pela quantidade de dias úteis 20, ao final do mês ele arrecadou Kz 150.000,00 ou U$ 1.875,00 (DÓLARES). Bom, agora a reflexão. O rapaz em questão deve ganhar entre U$ 200,00 e U$ 400,00 por mês, entretanto com o esquema dele ele descola U$ 1875,00.

Vamos agora a outro exemplo. Fui comprar um abajur, a atendente nem olhou para a minha cara direito, ela era Angolana. A atendente em questão deve ganhar U$ 300,00. Quanto perguntei o preço do abajur o meu susto, custo da peça U$ 75,00. Quase caio para trás com o absurdo do preço, fui pesquisar em outra loja e o preço foi semelhante.Realmente achei muito caro o preço dos produtos em relação ao valor do salário pago. Em apenas um dia o comerciante tira o salário de todo o seu pessoal.

O salário em Angola são tão baixos e os preços são tão caros que acaba levando as pessoas mais humildes a se corromperem. Fora tudo isso há uma total falta de controle e qualificação dos gerentes e pessoal administrativo. Não estou justificando o roubo, muito longe disso, mas a longo prazo as pessoas ficam revoltadas e a tendência é essa indignação crescer.

Os fatos colocados assim merecem uma reflexão, qual é a sua?

segunda-feira, março 12, 2007

Leitura e download de livros

Leitura, leitura, leitura, se você gosta de ler vai se dar muito bem em Angola. Sobra tempo para cultivar ou mesmo iniciar esse hábito, principalmente no final de semana.

Somente esse ano li 4 livros, isso é ótimo. Por sinal indico dois dos que eu li, realmente muito bons. Diria que se aplicam principalmente a pessoas que estão focados na vida profissional, que desejam crescer profissionalmente.

O primeiro livro tem o título “As regras do trabalho”. Durante a leitura cheguei à conclusão que esse livro deveria ser discutido na escola, depois reforçado na universidade. São quase que conselhos que todo pai deveria dar a seu filho. Indico a todos os jovens, principalmente aos que estão entrando no mercado de trabalho.

O segundo já é mais profundo e pesado também “As 48 leis do poder”. Leia com cuidado, aplique o que achar interessante, mas tenha em mente que você é o que você faz, assim.... Bom, melhor ler o livro tomar suas próprias conclusões.

Os dois livros juntos parecem a formula infalível para se tornar o próximo CIO da Microsoft, ou se você não gosta de tecnologia da GE. A leitura dos dois é diferente, o primeiro é didático, o segundo é de fácil leitura, uma diversão.

O grande problema é livros são difíceis de trazer para Angola. O peso e todo inconveniente de trazer vários livros são empecilhos a considerar. Dessa vez cheguei a passar do limite de peso na bagagem, com certeza por conta dos livros. Como eles acabam rápido fica a frustração.

A solução foi vasculhar na internet por um site onde fosse possível baixar alguns livros. Eu já conhecia esse endereço, apesar de ter esquecido, foi realmente muito bom acha-lo aqui. O site - www.portaldetonando.com.br – disponibiliza uma série de livros para download. Tenho certeza que você vai gostar, não deixe de dar uma olhada.

Baixei logo um livro que a tempo queria ler. O volume de título “Musashi” fala sobre um samurai famoso que viveu por volta do ano de 1500 ~ 1600 d.c. no Japão. O autor junta fatos históricos ao romance o que torna a obra muito interessante, recomendo a leitura. São dois volumes de 900 páginas, gostei tanto que nesse final de semana consegui chegar a página 300 do primeiro volume. Acredito que até o próximo final de semana acabo o primeiro volume, vamos ver.

A todos, boa leitura e enviem sugestões sobre bons livros.

domingo, março 11, 2007

Angola é o segundo país mais corrupto do Mundo

Não vou nem fazer um comentário a respeito, a notícias diz tudo.

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Angola é o segundo país mais corrupto do Mundo

http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13716

Apesar da questão da corrupção ser tabu em Angola, a verdade é que a predominância do assunto no nosso país corre o Mundo, sendo conhecido até por intermédio de estudos científicos.

No ano passado, a Transparência Internacional reputou Angola como o segundo país mais corrupto de um universo de 34 estudados para produzir o Índice de Percepção da Corrupção relativo àquele ano.

Trata-se de um índice composto que afere a prevalência da corrupção no sector estatal e nos bancos, reflectindo opiniões da comunidade de negócios e de analistas locais, de cada país. Quanto maior for a percentagens de observações, maior é o nível de predominância do fenómeno.
Eis a lista:

País Pontuação
Bangladesh 102
Angola 98
Azerbeijão 95
Bolívia 89
R. dos Camarões 89
Geórgia 85
Albânia 81
Cote d’Ivoire 71
Argentina 70
Egipto 62
El Salvador 62
China 59
R. Dominicana 59
Etiópia 59
Colômbia 57
R. Checa 52
Croácia 51
Ghana 50
Brasil 45
Bulgária 45
Costa Rica 40
Bielo-Rússia 36
Estónia 29
França 25
Botswana 24
Bélgica 20
Alemanha 18
Chile 17
Áustria 15
Austrália 11
Canadá 7
Dinamarca 2
Finlândia 1

sábado, março 10, 2007

Presidiários Chineses em Angola

Como sempre comento, em Angola existem os mais diversos tipos de povos. Um dos mais significativos, seja por sua cultura, diferença de raça ou cultura, são os Chineses.

Já escutei muitas histórias sobre os Chineses. Posso constatar no dia a dia que eles estão em muitas obras pela cidade, é comum ver chineses cavando buracos, concertando ou construindo coisas pela capital. Além da capital vez por outra aparecem notícias de obras sendo realizadas nas províncias. Também já vi missões diplomáticas e acordos comerciais sendo noticiados nos jornais.

Segundo informações dos Brasileiros que estão aqui a mais tempo, a maioria dos orientais que vem para esse país são presidiários. Essas pessoas cometeram crimes leves e ao invés de ocupar as cadeias no seu país são enviados para Angola para trabalhar na construção civil. Além de resolver a questão da super-população em sua terra natal, custam muito barado para os seus patrões.

Os asiáticos trabalham pesado, já cheguei a ouvir histórias de pedirem deliberadamente que diminuíssem o ritmo das obras, pois essas acabariam muito cedo. Tempo em Angola também é dinheiro, mas parece que ao contrário. Quanto mais tempo uma obra dura, mais as pessoas envolvidas ganham dinheiro.

Uma das histórias mais impressionantes, fora o fato deles serem presidiários, está em uma curiosidade chamada “cama quente”. A “cama quente” são contêineres em que os trabalhadores chineses dormem. Uma série de beliches dentro de um contentor que são revezados em três turnos. A cada 8 horas as pessoas têm que acordar para que um outro possa dormir no mesmo lugar. Dessa forma as camas nunca deixam de ficar quentes e daí vem o nome.

A quantidade de Chineses em Angola é bastante grande e uma das minhas reflexões é de como será a próxima geração de Angolanos. Pergunto-me isso, pois, além de influenciar culturalmente, inevitavelmente relacionamentos amorosos surgem dessa gente com o povo local. Uma na mistura de raça está se formado, lentamente, e que no futuro se fará notar. Os impactos disso na sociedade Angola são difíceis de saber, contudo que haverá mudanças, isso com certeza.

quinta-feira, março 08, 2007

Dia internacional da mulher

Vou aproveitar essa data especial para falar das mulheres Angolanas. Essa data que surgiu a partir do evento em uma fábrica têxtil de Nova Iorque em 1857 simboliza uma luta que não acabou com esse marco, o dia internacional da mulher. A realidade é que as mulheres de Angola ainda têm muito que conquistar.

A sociedade Angolana é machista e trata as mulheres não como iguais. São as mulheres que, por exemplo, carregam pesados baldes de água na rua e fazem todo trabalho domestico. Aqui também tem um costume chamado “dia do homem”. Nesse dia, toda sexta-feira, o homem, mesmo casado ou compromissado, pode sair para a farra com os amigos ou sozinho, podendo estar inclusive com outras mulheres. No regresso a mulher deve estar esperando pelo homem com comida e a casa arrumada. Tal direito não é permitido as mulheres. Calo que não existe nenhuma lei para isso, mas esse é um costume bastante difundido.

Em situações de casamento, o homem deve realizar um pedido ao sogro. Esse pedido consiste em formalizar a solicitação do noivado e mais ainda, entregar um dote ao sogro. Esse dote é composto de dinheiro, bebidas, comidas e tantos itens, dos mais variados, que o sogro desejar. Se no primeiro ano de casamento a mulher não der um filho ao homem, esse pode devolver a mulher, anulando o casamento. Além disso, com a devolução o dote do pedido deve ser devolvido. Para os Brasileiros isso parece mais uma troca, como se as mulheres fosse mercadorias. Bom, esses é o costume local.

As mulheres ainda são tratadas como inferiores e é comum ouvir casos de violência. Por vezes também se lê nos jornais casos de violência contra crianças e mulheres.

Se fora o sexo for adicionada raça branca, o preconceito se torna ainda maior. As Brasileiras tem medo de sair às ruas sozinhas, muitas delas falam isso. Sinceramente acho que elas têm razão. Gerentes brancas têm maior dificuldade de impor ordens que os homens. Para uma mulher estrangeira vencer aqui é preciso ser muito determinada.

Pelo que me parece o a luta das mulheres ainda tem muito que avançar nesse país, contudo a sociedade parece estar indo no caminho certo. Tenho certeza que o novo tempo de Angola será deferente do constatado até então.

Encontrei um blog muito interessando do G1. Nesse blog, especial para o dia das mulheres, blogueiras pelo mundo falam como é a situação da mulher no respectivo país em que vivem. Vale dar uma conferida, muito interessante a leitura. Abaixo o link e a proposta do blog.


O mundo é das mulheres
http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7268,00.html

Para comemorar o Dia das Mulheres, nesta quinta-feira (08), o G1 reuniu seis blogueiras ao redor do mundo para contar como é a vida delas em outros países.

Em tempo real, elas vão escrever aos internautas do G1 sobre as particularidades, costumes e até mesmo das dificuldades em ser mulher em regiões do mundo tão diversas como o Japão, o Afeganistão e a Argentina. Veja no mapa acima onde estão as blogueiras do G1.

De Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, participará Carolina Porto, de 32 anos. Casada, ela mora com a filha e o marido, e tenta não deixa a paixão pelo alpinismo se perder com o tempo. Ela é formada em hotelaria.

De Nova Délhi, capital da Índia, a blogueira do G1 será Sandra Bose, de 42 anos. Ela se descreve como uma pessoa de múltiplas habilidades: é geógrafa, professora, psicanalista, psicoterapeuta e escritora. Paulistana, ela mora na Índia desde 1999, onde trabalha como tradutora.

Da Suécia, a participante será Claudia Ekström, de 30 anos. Jornalista, ela vive na cidade de Västeras há três anos, onde trabalha com marketing cultural no Teatro Västmanland.

De Tóquio, no Japão, participará Karina Almeida, jornalista mineira de 29 anos. Ela mora há mais de três anos no Japão e trabalha em um jornal da comunidade brasileira. Nas horas vagas, Karina se diverte escrevendo em seu blog.

De Cabul, no Afeganistão, a blogueira do G1 será Ramish Poladeyan, de 22 anos. Ela estuda engenharia na Universidade de Cabul e diz ter muito interesse em escrever histórias e poesias. Afegã, Ramish escreverá seus posts em inglês -e a equipe do G1 traduzirá.

De Buenos Aires, na Argentina, a participante será Mariana Camarotti, de 27 anos. Jornalista, mora em Buenos Aires há três anos, tendo feito pós-graduação em Jornalismo Econômico na Universidade de Buenos Aires (UBA).

Quando as blogueiras do Japão, Emirados Árabes e Afeganistão nos enviarem seus primeiros posts ainda será madrugada de quarta para quinta-feira no Brasil. Mas no Oriente o Dia das Mulheres já terá começado.

Mundo celebra hoje dia da Mulher Jornal Angola
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13693

O mundo homenageia hoje, ao comemorar o Dia Internacional da Mulher pela nonagésima sétima (97ª) vez, as 130 operárias têxteis que morreram queimadas numa fábrica de Nova Iorque, Estados Unidos da América, quando reivindicavam a redução do horário de trabalho de 16 horas por dia para 10 horas.

Embora a tragédia tenha ocorrido a 8 de Março de 1857 (150 anos atrás), só em 1910, numa conferência mundial de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem a aquelas “senhoras”, comemorar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.

Desde então, o movimento a favor da emancipação da mulher vem crescendo diariamente em todo o mundo. Angola não foge à regra, porquanto a classe feminina tem alcançado feitos notáveis em vários níveis da vida sócio-económica, cultural, desportiva e política.

Em Angola as mulheres pretendem chamar a atenção para o seu papel e a sua dignidade, bem como levar a sociedade a ter uma consciência social do valor da pessoa, a perceber o seu papel e contestar e rever preconceitos e limitações que têm sido impostos à mulher.

Como mães, esposas, filhas, ou simplesmente como mulheres, elas têm lutado pela sua emancipação, combatendo o analfabetismo e os actos de violência no género e na família. Elas estão, sobretudo, firmemente inseridas no processo de reconciliação e reconstrução nacional.

Recentemente, numa nota do Ministério da Família e Promoção da Mulher, em homenagem à data e ao 2 de Março, Dia da Mulher Angolana (OMA), foi realçada a luta pela emancipação e desenvolvimento da classe feminina.

“O processo de emancipação e o desenvolvimento para o avanço da mulher angolana constituem os movimentos mais fortes da luta das mulheres angolanas”, realça o documento da instituição, que é dirigida por Cândida Celeste.

Foi ainda lembrada a participação feminina na conquista da paz. A bravura das heroínas que deram o seu sangue pela independência de Angola também é evocada na mensagem.

De acordo com o documento, os dias 2 e 8 são todos os anos convertidos numa jornada de mobilização das mulheres para os esforços de desenvolvimento do país, que legou o exemplo das heroínas angolanas e de outras mulheres que sempre lutaram para a emancipação da camada feminina.

terça-feira, março 06, 2007

Hospital Esperança – Centro de referencia no combate a AIDS

O programa Angolano de combate a Aids segue o modelo Brasileiro. Nesse são criados alguns centros de referencia, onde todo atendimento e medicamentos são de graça, aqui em Angola o primeiro chama-se Hospital Esperança.

Esse centro faz desde a testagem voluntária, notificação de casos de contaminação e ainda o acompanhamento e distribuição de medicamentos. Realmente é um trabalho incrível realizado por esses médicos e profissionais de saúde.

Eu estou envolvido nesse contexto e adorando a experiência. Abaixo uma reportagem, incluindo dados dos atendimentos, sobre o primeiro aniversário do Hospital Esperança.



Hospital Esperança atende mais de oito mil soropositivos Angola
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13625%3Cb


Oito mil 894 portadores do VIH/Sida foram atendidos no Hospital Esperança desde a sua criação, em 2004, soube-se hoje, em Luanda.

A informação foi dada pelo director do hospital, Milton Veiga, no acto das comemorações do terceiro aniversário da instituição, vocacionada ao tratamento e diagnóstico de casos de VIH/Sida, na presença do ministro da saúde, Anastácio Sicato, e dos vice-ministros José Van-Dúnem e Evelize Fresta.

Do número acima referido, quatro mil 512 estão em tratamento, 435 morreram e outros 799 abandonaram o tratamento, situação que leva a direcção do hospital a questionar quais os motivos.

Milton Veiga acrescentou que, de 2004 a presente data, o número de pacientes vem aumentando vertiginosamente, tanto é que no primeiro ano tinham sido diagnosticados mil 202 soropositivos, em 2005, dois mil 425, e em 2006, três mil 122.

De acordo com o mesmo, até ao momento, 16 mil 763 pessoas foram aconselhadas e testadas voluntariamente, tendo sido registados seis mil 639 soropositivos.

O número de pessoas às consultas também aumenta de ano a ano. Em 2004 foram atendidas 6.450 pacientes e em 2006, 20 mil 441, com três mil 845 casos novos.

Para ele, o espaço físico do Hospital Esperança está cada vez mais diminuto, apelando a criação de centros de atendimento de casos de sida na periferia.

Após uma sessão de slids, na qual foi espelhada o quotidiano do hospital, o ministro da saúde disse que o nome dado ao hospital, Esperança, é adequado a realidade, pelo que deve ser apoiado pelo esforço ardúo dos seus funcionários.

Sicato enalteceu a figura do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, por ter proporcionado a criação daquele hospital, apelando aos demais hospitais a seguirem o exemplo do Esperança.

Entretanto, a Associação dos Jovens Provenientes da Zâmbia (AJAPRAZ) associou-se às festividades e doou oito toneladas de bens alimentares para ajudar os soropositivos discriminados pelos seus familiares, segundo o seu presidente, Bento Raimundo.

Consta dos planos da AJAPRAZ a entrega de 30 toneladas de bens diversos ao hospital Esperança, até ao final do ano.

segunda-feira, março 05, 2007

Vistos ordinário e de trabalho para Angola– Requisitos e Formulários

Para vir para Angola mesmo como turista, diferentemente do processo para a comunidade Européia, é necessário o visto de entrada. Nesse caso me refiro ao visto ordinário que deve ser requerido junto ao consulado. No Brasil o consulado fica no Rio de Janeiro - www.consuladodeangola.org.

Para os profissionais que pensam em passar um tempo trabalhando em Angola, vale a pena dar entrada no visto de trabalho. Dizem que processo é demorado, contudo um dia sai.

Fique atento para os documentos necessários e os links abaixo.



Visto ordinário

http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/visto_ordinario.htm

• Formulários devidamente preenchidos em duplicado;
http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/form1.htm
http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/form2.htm
http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/form3.htm
http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/form4.htm
• Duas Fotos 3X4 (colorida);
• Passaporte com seis meses de validade no mínimo;
• Garantia de meios de subsistência (Turistas)
• Carta convite que evoca o motivo da deslocação (Organismos ou Empresas) contendo CNPJ para empresas brasileiras e nº de contribuinte, para empresas angolanas.
• Certificado de vacina internacional; (febre amarela)
• Fotocópia de carteira de identidade reconhecida em cartório;
• Para menores de 18 anos (dezoito) anos de idade requer-se autorização do Juizado de Menores, ou dos pais, neste último caso com firma reconhecida e devidamente consularizada nesta Missão Consular;
• Para menores de 18 anos (dezoito) anos de idade também é necessário fotocópia da Certidão de Nascimento autenticada no cartório;
• Xerox do CPF (CIC) para turistas e não turistas;
• Taxa do visto: USD 30,00 (trinta dólares americanos).
• Termo de responsabilidade - http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/termo.htm

 Empresas do direito angolano: solicitar visto através de ofício incluindo o nº de contribuinte da respectiva empresa.
 Para empresas de direito brasileiro ou outros: incluir no ofício/carta o CNPJ.



Visto de Trabalho
http://www.consuladodeangola.org/Administrativo/visto_trabalho.htm

• Formulários devidamente preenchidos em duplicado;
• Duas Fotos 3X4 (coloridas);
• Passaporte com validade de (1) ano no mínimo;
• Contrato de Trabalho ou promessa de trabalho com firma reconhecida;
• Folha de Antecedentes criminais;
• Atestado Médico do País de Origem do requerente, incluindo doenças infecto-contagiosas, com firma reconhecida;
• Certificado de Habilitações Literárias ou Profissionais e Curriculum Vitae;
• Termo de compromisso de respeito às Leis e Instituições da República de Angola;
• Cópia da Carteira de Identidade autenticada em cartório;
• Comprovante de residência;
• Certificado de vacina internacional: (febre amarela);
• Carta dirigida ao Consulado, a solicitar o respectivo visto;
• Taxa do visto: USD 160,00 (Cento e sessenta dólares americanos)

Obs: Entregar todos os originais e xerox do processo.

sábado, março 03, 2007

Jonas Savimbi, ex-presidente fundador da UNITA

Jonas Savimbi, ex-presidente fundador da UNITA
(União Nacional para a Independência Total de Angola)




Uma vez em um novo país, se envolva, conheça as pessoas e sua cultura. Aprenda sobre a história e se torne parte dela. Deve-se não apenas passar, mas plantar para uma futura colheita. Quem sabe até deixar as raízes crescerem, verdade que apenas uma minoria consegue.

No intuito de aprender leio, observo, mas não tomo partido. Quem sou eu para dizer o que é certo ou errado, ou mais ainda, que lado é o certo.

Aprendo, evoluo e exalto a história, hoje sobre esse magnífico país, Angola.

Essa matéria fala sobre um importante líder que se fez presente no conceito bilateral da guerra civil. Um gênio ou um louco? Cabe a cada um a análise.

Vale uma olhada na Wikipédia para entender o que é a UNITA.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Unita

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A história secreta da ideologia da Unita
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13632


Semanário Angolense (James Kean* )

Embora Jonas Savimbi tenha cometido vários erros estratégicos, ideologicamente ele manteve uma certa coerência. A ideologia por que se guiava assentava nas linhas do «hino nacional da Unita» que fala da República Negro Africana e Socialista de Angola.

Savimbi acreditou até ao fim da sua vida num nacionalismo africano e num socialismo baseado no centralismo do qual ele seria sempre o timoneiro. Internacionalmente, pelo menos a partir dos anos 80, Savimbi era visto como uma figura da direita, alguém que estaria inclinado para um certo liberalismo democrático e pelo mercado livre. Figuras de proa do Partido Republicano dos Estados Unidos como a falecida Jeane Kirkpatrick, que foi representante de Washington nas Nações Unidas, não se cansavam de elogiar Jonas Savimbi como um grande intelectual e líder da direita. Kirkpatrick foi, na administração Reagan, uma das figuras que mais se bateu contra o comunismo.

Jornalistas ocidentais que acompanharam a sua vida, frequentes vezes perguntavam a Jonas Savimbi sobre a sua trajectória da Esquerda para a Direita. Invariavelmente, Savimbi respondia que enquanto jovem aderiu à Esquerda por ingenuidade. Já em idade adulta dizia que optou pela Direita por ser o caminho mais correcto.

Na realidade, Savimbi nunca abandonou o marxismo ou maoísmo da sua juventude. No Centro de Estudos Kapesi Kafundanga (Cekk) - que levava o nome de guerra de Samuel Chingunji, o primeiro chefe de Estado-Maior da Unita e pai do actual ministro do Turismo, Eduardo Chingunji - as disciplinas de marxismo-leninismo e do maoísmo ocupavam lugares muito importantes na formação dos quadros políticos da organização.

No Cekk, os formandos tinham que dominar um manual, escrito por Jonas Savimbi, designado Guia Prático do Quadro. Este manual era uma adaptação, feita pelo próprio autor, às condições angolanas, do famoso Livro Vermelho, de Mao Tse Tung.

Na ideologia de Jonas Savimbi, a guerra em Angola tinha pouco a ver com a luta contra o comunismo até porque ele idealizava a criação de uma ditadura, baseada na classe dos camponeses, que desembocaria no desaparecimento do Estado.

A teoria que se propagava no Cekk sustentava o argumento de que o Mpla era composto de pequeno burgueses que defendiam os seus interesses de classe. Os russos e cubanos, neste cenário, eram expansionistas cujo objectivo principal seria a exploração das riquezas angolanas. Neste sentido, eles faziam parte de um conluio para oprimirem os negros angolanos.

Segundo a filosofia de Savimbi, que se propagava no Cekk, o país ideal, com que sonhava, seria aquele liderado por uma elite, que ele identificava como a «escol». Essa elite, que ele concebia como politicamente firme e esclarecida – em outras palavras cegamente fiel ao líder máximo – teria, então, o papel de implementar os objectivos da revolução.

No Cekk não se acreditava no mercado livre. Dizia-se que tal sistema permitia a existência da exploração do homem pelo homem e a apropriação da mais-valia. Nos territórios então controlados pela Unita a iniciativa privada não era admitida. Savimbi tinha um desprezo profundo por comerciantes.

Na Jamba nem toda gente concordava com a filosofia do Savimbi. Os velhos, idos das várias missões evangélicas do Planalto Central, boa parte deles progenitores de parte significativa da elite política e militar da Unita, contestavam claramente o ateísmo de Jonas Savimbi.

Segundo Fred Brigland, biógrafo de Savimbi que depois se tornou seu inimigo, o então presidente da Unita ordenou a morte de Jonatão Chingunji – uma figura de renome no Planalto Central – porque ele não concordava com a falta de moral na conduta de Jonas Savimbi.

Nos territórios controlados pela Unita, Savimbi pretendia criar um mundo com uma outra moral e ética. Nas sociedades mais avançadas, dizia Savimbi, o amor era político. De acordo com o raciocínio de Savimbi, para serem ideais, as relações humanas teriam que ser determinadas pela conveniência política. Um reaccionário – alguém que fosse hostil ao líder máximo, por exemplo – tinha que ser evitado, mesmo pelos seus íntimos. Os religiosos, por seu lado, discordavam desta moral. E isso custava-lhes, não raras vezes, punições muito severas.

É curioso que, em tudo isso, Savimbi manteve boas relações com a igreja Católica. Para isso, foi seguramente determinante o papel – que Savimbi apreciava bastante - que os padres tinham na formação de quadros nos vários liceus controlados pela Unita e também porque ele admirava a sua formação académica. Savimbi nunca se cansava de repetir que os padres tinham melhor formação do que os pastores das igrejas evangélicas. Alguns desses padres ousavam mesmo questionar a ética da sua conduta pessoal.

Havia, também, vários intelectuais que não estavam plenamente de acordo com o maoísmo de Savimbi. Na filosofia de Jonas Savimbi, não se permitia o debate ou exploração de ideias. Houve um episódio, no Cekk, que se tornou célebre: num exame final, um quadro, de uma certa idade, citou Platão na prova oral. Jonas Savimbi ficou tão furioso ao ponto de dizer ao examinado que a Filosofia que aprendeu no 7º Ano não tinha qualquer valor. Obviamente esse aluno foi reprovado, ao passo que os jovens camponeses, que regurgitaram servilmente o Guia Pratico do Quadro dispensaram com as maiores notas.

Mesmo na Jamba, muitos dos mais bem preparados quadros seniores da Unita já questionavam, em privado, a integridade intelectual do líder máximo. Jonas Savimbi era um verdadeiro bibliófilo, que «devorava» tudo em francês, inglês e português. Há quem diga que entendia, também, alemão. Só que ao discursar perante os quadros, Savimbi exprimia ideais sem citar as suas origens. E muitos dos quadros, que também liam muito, apercebiam-se dessa desonestidade intelectual. Alguns desses comentários, feitos obviamente em privado, chegavam, inevitavelmente, ao conhecimento de Savimbi através das várias redes de recolha de informações que ele tinha disseminado na Unita.

Mas como é que a Unita, uma organização internacionalmente conhecida como sendo de Direita, consegui disfarçar o facto de que, internamente, o que se propagava era o Maoísmo e o Leninismo? A Unita foi, durante muitos anos, uma organização fechada, uma espécie de Coreia do Norte. Apenas alguns dos seus quadros, da absoluta confiança de Savimbi, eram autorizados a viajar para o exterior. Mesmo esses, contudo, não viajavam sozinhos. Tinham sempre alguém a acompanhá-los em todas as reuniões que tivessem. Por sua vez, os estrangeiros que visitavam a Jamba e outras localidades tinham os passos apertadamente vigiados por indivíduos ligados aos diversos serviços de inteligência da Unita. Todas as conversas e opiniões que tivessem eram prontamente reportadas em relatórios ao próprio Savimbi.

Jonas Savimbi era, também, um mestre de encenações. Em 1985 houve, na Jamba, uma conferência que reuniu vários movimentos que lutavam contra o comunismo no mundo. Os habitantes da Jamba viram representantes do Afeganistão a verberarem apaixonadamente a presença soviética no seu país. Várias entidades da América Latina – incluindo a Nicarágua – louvaram Jonas Savimbi por ser um grande lutador contra o comunismo. Porém, logo que aqueles anticomunistas partiram, Savimbi chamou os seus apoiantes para dizer-lhes que todos os que tinham acabado de partir eram uma corja de reaccionários. Savimbi criticou, em particular, o representante de um movimento anti-Castro que tinha ligações muito fortes com a Coca-Cola.

E como é que este «revolucionário» de ocasião justificava a sua aliança com movimentos que ele, em privado, tratava com desdém? Um dos termos que Savimbi usava com muita frequência – adquirido do Mao Tse Tung – era «frente unida».

Savimbi dizia repetidamente que entre 1937 a 1945, o Partido comunista Chinês fez uma aliança com os nacionalistas de Chiang Kai- Shek para resistir à invasão japonesa. Ele dizia que todas as aliançais que a Unita fazia – incluindo com o regime racista da África do Sul – poderiam ser enquadradas neste âmbito. Segundo ele, o que estava em causa era a pátria e para a sua defesa poderia pactuar-se mesmo com o próprio diabo.

Além de Mao Tse Tung, Savimbi tinha uma profunda admiração por Joseph Vissarionovich Dzhugashvili, mais conhecido como Estaline. Em várias palestras no Cekk, Savimbi disse aos quadros que a críticas a Estaline não eram justas porque para a implantação do comunismo na União Soviética era indispensável liquidar os pequenos burgueses e agricultores que se ainda se mantinham fieis ao sistema czarista. Savimbi admirava a severidade de Estaline. Quando, em 1986, Mikhael Gorbachev começou a falar de glasnost – e alguns intelectuais na Jamba disseram que deveria, também, acontecer o mesmo na Unita, Savimbi reagiu com a inclemência de sempre: muitos desses intelectuais foram parar à cadeia e outros foram mortos.

Nos anos 70, Jonas Savimbi apresentava-se como um nacionalista africano e exaltava a teoria da negritude que foi articulada pelo antigo Presidente do Senegal, Leopold Sedar Senghor. Savimbi era um confesso admirador de Senghor que, além de ser membro da Academia Francesa era, igualmente, um notável poeta.

Numa entrevista que deu em 1979, por exemplo, Jonas Savimbi exaltava o Festival da Cultura Africana que foi realizado na Nigéria, em 1977. Savimbi falava, então, da afirmação da cultura africana e do homem negro. Em muitos corredores da África Ocidental este discurso teve uma enorme repercussão e rendeu a Savimbi muita simpatia já que ele apresentava a sua luta como sendo uma resistência africana contra a imposição de culturas alheias ao continente. Para os quadros da Unita no Cekk, Savimbi utilizava o tema da negritude para dar ênfase à noção de uma luta de classes. Ele falava reiteradamente da coesão entre os mestiços do Mpla.

No Cekk, Jonas Savimbi permitia-se mesmo ficar uma tarde inteira a falar sobre Lúcio Lara, Paulo Jorge e outros mestiços do Mpla. O líder da Unita nutria algum respeito intelectual por Lúcio Lara, embora o apresentasse sempre como defensor dos interesses dos brancos e mestiços. Numa inesquecível palestra, Savimbi discursou durante horas contra Ruth Lara, a esposa de Lara, que, segundo ele, era uma judia alemã que não merecia tanto poder em Angola. Savimbi argumentava que os negros em Angola eram dominados porque não eram coesos como os mestiços.

Savimbi dizia aos quadros do Cekk que a Unita estava a enfrentar um grupo em Luanda que utilizava um discurso marxista para disfarçar a defesa dos seus interesses de classe.

Um dos temas favoritos de Jonas Savimbi era a revolução do Haiti em que, de 1791 a 1804, os escravos negros revoltaram-se contra os franceses para construírem a primeira república negra na história do mundo. Afirmava sempre que a revolução haitiana falhou porque os mulatos tomaram o poder em detrimento dos negros. Savimbi via muitos paralelos entre o Haiti e Angola.

Nos territórios dominados pela Unita houve momentos em que Jonas Savimbi tinha o controlo absoluto de tudo que eram ideias. Mas isto não foi sempre assim. Nos fins dos anos 70, quando a Unita foi para as matas, a sua liderança era colectiva: naquela altura às activistas políticas era permitido elogiarem as qualidades morais e também físicas de indivíduos como o comandante Samuel Chiwale, Nzau Puna ou Waldemar Pires Chindondo, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Unita.

Em 1978, Tito Chingunji, que foi assassinado por Savimbi, fez uma digressão pela China. No seu regresso, ele começou a falar de «pureza ideológica». Rapidamente surgiram vozes a sugerir que Tito Chingunji estaria a ser teleguiado. Diz-se que tais vozes teriam sido encorajadas pelo próprio Savimbi que queria acabar com os vários pólos de influência que supostamente existiam na Unita. Teria sido o mesmo Savimbi que incentivou uma grande purga para livrar-se de rivais e gente cuja disposição ideológica não coincidia com a dele. Foi neste tempo que figuras como Jorge Ornelas Sangumba, que estudou Ciências Política na Universidade de Nova Iorque, desapareceram.

Depois dos Acordos de Bicesse, em 1991, Jonas Savimbi perdeu o controlo absoluto dos seus quadros já que muitos deles tomaram contacto com outras realidades, nomeadamente às dos grandes centros urbanos do país.

Embora falasse de democracia, nos seus discursos da campanha eleitoral de 1992, Savimbi já não convencia muitos dos seus quadros. Aqueles que estudaram no Cekk suspeitavam que, depois da tomada do poder, o velho continuaria com o seu grande projecto maoísta.

*Académico, especialista em Assuntos Africanos