terça-feira, julho 31, 2007

Huambo - A Cidade – Parte 3

A capital da província de Huambo tem o mesmo nome. Haviam me informado que Huambo tem aproximadamente 2 milhões de habitantes, pensei que fosse a cidade, mas na verdade é a província toda. Juntamente com a província de Bié, esta localidade foi a mais destruída pela Guerra. A máquina fotográfica está a postos para registrar tudo o que eu puder.

Já na saída do aeroporto vejo alguns galpões abandonados e sem o telhado. Percebo também muitas marcas de bala. Passamos por uma praça com algumas estátuas e nelas também é bem visível os buracos dos projeteis. Fico imaginando a loucura que foi isso a poucos anos atrás. Existem também prédios novos e sem nenhuma marca, vejo máquinas e material de construção por todo lado. Mais a frente fazemos um desvio, várias são as ruas sendo asfaltadas.

Huambo - Galpão abandonado


Passamos por uma grande praça totalmente restaurada. Infelizmente não consigo tirar uma foto, devido à posição do carro. No meio desta um grande obelisco e uma estátua que me disseram ser do Agostinho Neto. Viramos a direita e nesse momento consigo tirar uma foto de uma casa bastante destruída, com vários buracos. Essa parte da cidade parece estar menos restaurada, só vendo a imagem para entender do que estou falando.

Huambo - Casa das balas


Outras tantas ruínas e muitas, muitas marcas de bala. Passamos pelo banco nacional de Angola, que foi restaurado, realmente muito bonito. Uma passada rápida no hotel Nino para deixar as malas, tomar um banho e trocar de roupa e estou pronto para seguir para o treinamento.
Huambo - Ruina do Nova York Social


Huambo - Ruinas


No prédio onde os treinamentos ocorrerão, uma estrutura simples, mas limpa e organizada. Subimos duas escadas até o segundo andar. Lá aviso um prédio de uns 10 andares com a parte superior totalmente destruída. Disseram-me que foi um bomba lançada, a imagem impressiona.
Huambo - Bomba no telhado


Sou apresentado a turma, como são quase 15:00 h vamos almoçar. Um bom e velho bitoque é o prato do dia em um restaurante gerenciado por uma Portuguesa. Para quem não conhece o bitoque, este é um prato que em qualquer lugar de Angola pode ser pedido. Absolutamente qualquer birosca vende. Bife (ou prego se preferir), salada, arroz e batata frita, simples e gostoso.
Huambo - Turma do treinamento


Na volta já sigo para treinamento. A minha apresentação corre sem problemas, todos os alunos se saíram muito bem. No dia seguinte vamos continuar, está previsto o inicio as 8:30 h até as 12:00 h.

Volto para o hotel próximo as 18:00 h, combino com Sérgio de descansar um pouco e nos encontrarmos no restaurante do hotel as 19:30 h. Assim que Sérgio sobe para o seu quarto, coloco vou a rua rapidamente para dar uma espiada. Realmente esse não é o meu ambiente, não vou me arriscar a sair sozinho, melhor voltar para o quarto.
Huambo - Hotel Nino


Após tomar um banho deito na cama, coloco o despertador do celular só por garantia, essa foi minha salvação. Quase que instantaneamente pego no sono. Acordo com celular tocando, é hoje que eu jogo esse danado no chão. Chego a implorar para o aparelho por mais 10 mim. Marquei com Sérgio e não quero me atrasar. Saio da cama, quase que me arrastando. Outro banho está fora de cogitação, falta coragem. Lavo o cabelo e passo uma água no rosto, isso deve bastar. Coloco a calça jeans e sigo para o restaurante no térreo.

Sérgio já esta me esperando na mesa. Lá ele me disse que é por hábito encomendar a comida com antecedência. Sabendo disso ele deu um pulo à tarde e marcou para aquele horário um bacalhau, excelente escolha.

Já com a barriga cheia só consigo pensar na minha cama, que por sinal é muito boa. Nessa seqüência, tirar a roupa, deitar e apagar, ainda bem que já havia programado o despertador para o dia seguinte.

O segundo dia de treinamento foi novamente tranqüilo. Após a manhã com os alunos vamos almoçar em um restaurante muito simpático, aqui também é necessário encomendar a comida, assim vamos no bom e velho bitoque novamente.
Huambo - Restaurante Novo Império


Sérgio vai seguir para o Bié de carro e eu vou para o hotel. Comprei a minha passagem pela Air Gemini na tarde de ontem, pouco depois de ter chegado a cidade. Está marcada para a quinta-feira, amanhã.

As 15:00 h sou deixado no hotel e marco com o ponto focal, que vai me levar ao aeroporto, para as 9:00 h. Como não me arrisquei a sair sozinho, fiquei no hotel trabalhando até mais ou menos umas 19:00h. Já havia aprendido na noite anterior, assim, por volta das 16:00 h passei no restaurante e encomendei outro bacalhau, dessa vez apenas com legumes, bem ligth.

Ao chegar no quarto abri as janelas e fiquei pensando... Família, trabalho, amigos, Angola, Brasil, estudos, internet, PAN... Não sei ao certo quanto tempo fiquei refletindo, será que isso que é filosofar? Viajei eh??? Estou em África, como eles dizem aqui, faz parte. Fui acordado por um por do sol que invadiu o ambiente e meu coração com jeito de presente. Vermelho intenso a terra que cobre todos os cantos. Vou sempre lembrar do crepúsculo daqui, o mais lindo de todos, nem mesmo o de Brasília, Rio de Janeiro ou Fernando de Noronha tem o fim de tarde como o da África... Lindo.
Huambo - Por do sol


O jantar estava ótimo, muito gostoso mesmo. Batatas, cenoura, couve e o bacalhau, bem preparado, com pouca gordura, do jeito que eu gosto. Bem servido, após pagar a conta, subi para o quarto, sabia que iria pegar a estréia do basquete masculino no Pan. O jogo foi legal, depois foi só enrolar um pouco nos canais para esperar o sono chegar. Acerto o despertador e bons sonos.

Um comentário:

Sebas disse...

Amigo
Não havia que temer sair. O povão do Huambo sempre foi amigo e pacifico.
E por do sol mais lindo não há decerto. Por vezes assusta poi parece que o horizonte está em chamas. Vi-a-os todos os dias do alto da colina onde vivia, no Bairro de Benfica, sem nada pela frente.