Catinga X Sebo. Qual a diferença?
Qual a primeira imagem que vêm a sua cabeça quando falamos a palavra África? Na minha vem a idéia das savanas, o Egito, o deserto do Saara, imagens de muita terra e pouca água. Nesses tempos em que o assunto do momento é o aquecimento global, a questão da água aparece sempre atrelada às discussões.
No Brasil falamos muito sobre seca, hoje em dia menos que nos meus tempos de criança, mas a verdade é que o meu país é super-privilegiado nas reservas hídricas. A água é barata e em abundância, talvez por isso demos tão pouco valor.
Agora junte as palavras África e água, qual o resultado da sua cabeça? Na minha é outra palavra “caos”. Vivendo aqui vejo como essa situação é difícil. A cidade de Luanda que é tomada por grandes Musseques (favelas) tem sérios problemas de abastecimento de água. As pessoas não têm acesso a água em casa. Todos os dias pela manhã, vejo muitas crianças e mulheres indo as vias principais onde os carros passam para pegar água. Algums casas nas via principal, onde devem passar as tubulações de água, tem uma torneira no muro que fica virada para a rua. Nessas torneiras é que se juntam as pessoas todas as manhãs para pegar água em reservatórios ou mesmo em baldes e bacias. São muitas as filas na via e muitas pessoas carregando baldes na cabeça ou em carrinhos se dirigindo as suas casas. Toda manhã a mesma cena.
A higiene é algo que para os padrões que estou acostumado ficam muito a desejar, na verdade a falta de assepsia é algo cultural em Angola. Existem duas palavras para o cheiro “fedor” dos brancos e dos negros. O dos brancos é chamado de “sebo” e nos negros “catinga”, assim se um negro “fede” é chamando de catingoso, já um branco “seboso”. Para o Angolano no não ter catinga é algo broxante. Algumas Angolanas, como a empregada da minha casa, já me disseram que os homens rejeitam as mulheres que não tem catinga. Vai entender...
Esse é um assunto extenso vou me detalhar em pontos específicos em post’s mais a frente. Por hora a lição que já está mais do que repetida: Valorizem a água.
Em tempo: Olha a definição do Aurélio para Musseque.
musseque
[Do quimb. museke, ‘quinta’; ‘lugar de areia’.]
Substantivo masculino.
1.Angol. Bairro pobre na periferia de Luanda, capital de Angola (África):
“Os musseques são bairros humildes / de gente humilde” (Agostinho Neto, Sagrada Esperança, p. 38).
Água um bem precioso mas mal gerido em Angola
http://www.angonoticias.com/full_headlines.php?id=13889
A distribuição de água por pessoa estimada em 1.000 metros cúbicos dia é deficiente em Angola enquanto que entre regiões ela escasseia de Norte a Sul tornando mais de um terço do território desértico ou semi desértico o que contrasta com os números sobre o potencial hidrográfico.
Por ocasião do dia mundial da água, que hoje se assinala sob o lema «Enfrentando a escassez de Agua», o Ministério da Energia e Águas de Angola escreve em uma nota distribuída em Luanda que para fazer frente a ma distribuição do precioso líquido tem já aprovado planos directores de curto e médio prazos para as diferentes cidades do país.
Assim «estão a ser desenvolvidos esforços para por em marcha um programa de obras de regularização das principais bacias hidrográficas de modo a torná-las potenciais armas de combate aos fenómenos extremos de cheias e seca».
O potencial hidrográfico de Angola, em conjunto com os dois Congos, representa mais de metade dos recursos hídricos do continente africano, sendo considerado por especialistas como uma provável mola impulsionadora da integração económica e social da África Central.
De acordo com a última edição do Relatório Económico de Angola, a água existente nos três Estados atinge a fasquia dos 60 por cento, onde Angola se apresenta como um dos principais beneficiados.
A título de exemplo, a pesquisa refere que a região angolana entre os rios Kwanza e Catumbela (províncias de Malanje, Bié, Huambo, Benguela, Kwanza Norte e Sul) concentra 80 por cento do potencial hídrico inventariado no país.
Deste potencial, o rio Kwanza, o maior de Angola, detém 45 por cento, podendo ser nele construídas 11 barragens. No entanto, no médio Kwanza já estão edificadas as centrais hidroeléctricas de Kapanda e de Cambambe, existindo entre as duas mais sete projectos do género.
O estudo também faz referência à bacia hidrográfica do rio Keve, onde poderão ser edificados oito projectos. Não parando por aí, as projecções do Relatório Económico de Angola avançam a possibilidade de construção de dez barragens na bacia do rio Lucala, enquanto no Cunene estão planeados 12 esquemas hídricos.
No dia mundial da água, a OMS recorda que mais de 1,6 milhões de pessoas morrem anualmente por falta de água potável e um sistema básico de saneamento. Destes afectados 90% são crianças menores de cinco anos.
Quando a agua rareia, diz a OMS, muitos populares vêem-se obrigados a abastecer-se de água não salubre e em quantidades insuficientes que não chega para a higiene pessoal.
Ainda esta semana Organizações Não Governamentais e governos de todo o mundo reunidos em Bruxelas numa assembleia do Parlamento Europeu sobre a água defenderam a necessidade de se reconhecer a água como um direito humano e que a gestão deste precioso líquido não deve ficar sobre tutela de empresas privadas, mas sim dos Estados.
5 comentários:
Oiiiiiiii,
Vixe maria, nem catingoso e nem seboso.. bom mesmo é lindo e cheiroso. Adooooooooooooooooro!!!
beijo pra tu
Eita,Spin, desse seu post,cheguei a uma conclusão, que pode ser boa ou ruim, dependendo do referencial...Se as mulheres daí pensarem o mesmo quanto ao homem q n é "seboso",complica,viu?Pq,digo logo,vc tá longe de ser um... eheheheh...Bjo grande!
oi Spíndola!!
tudo bem ? li o comentário que voce fez sobre o aluguel em luanda!
fiquei curiosa e gostaria de lhe fazer uma pergunta : sendo estrangeiro não tem receio de estar escrevendo essas coisas??
um abraço!e por outro lado que faz exatamente no instituto do SIDA? é médico? desculpa a minha curiosidade!
Arghh a Valéria é que esta certa. Mas vale a pena não esquecer que Napoleão quando voltava para casa mandava 15 dias antes um emissário para avisar à Josefina:
- Estou chegando, não tome mais banho.
Não tenho o costume de comentar notícias ou artigos na net, porque até não tnho tempo para tal. No entanto, faço em relação aos artigos do autor deste blog. É o seguinte: toda gente tem a liberdade de escrever o que quiser, mas é preciso ter um certo rigor naquilo que se escreve, sobretudo no que tange às fontes... analise algumas coisas ditas que não correspndendem com a realidade do país que retrata... alguns exageros, erros e incongruências. Convém sempre informar-se melhor, em vez de escrever só por escrever e às vezes emocionalmente.
W. Nhanga.
Ps. Sou angolano!!!
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