Convívio social. Reunião de condomínio.
Ontem tivemos uma reunião de condomínio. Os executivos do grupo pediram para todos comparecerem, um de cada apartamento, pois a votação de um aumento no condomínio estava na pauta. Logo de cara aquele evento estava fadado a muita discussão tendo em vista que se no Brasil seria complicado, aqui então nem se fala.
Digo que aqui seria complicado, pois nesse país a apenas pouco tempo veio o conceito de condomínio. Nos prédios onde não há condomínio cada pessoa cuida do seu bem, tipo, cada um tem seu gerador e sua caixa d’água. O esquema é “cada um por si e deus por todos”.
Logo no início um agravante e mais uma vez constatação do preconceito. Um dos Angolanos reclamou da quantidade Brasileiros e que aquela reunião não tinha legitimidade. Colocou que não havia representatividade e que não daria para discutir daquela forma. O sindico, apesar de Angolano, é uma pessoa sensata e afirmou que essa posição não tinha nada haver, pois éramos todos condôminos, independente de nacionalidade.
No desenrolar da reunião constatamos mais uma posição protecionista. Há de se colocar que o país ainda tem pensamentos socialistas, meio como se fosse um misto em entre capitalismo e socialismo. Em vários pontos da sociedade pode-se verificar isso, como por exemplos, pequenos comércios em Angola só podem ser abertos por Angolanos. Bom, mas o fato é que o condomínio esta com problemas nas contas.
O problema no balanço das contas se dá no fato que a falta da infra-estrutura de Luanda obriga que o condomínio trabalhe quase que 24 h com o gerador ligado. As sub-estações não são suficientes para abastecer essa área da cidade. Já o governo parece estar meio que se lixando para esse fato. Realmente muito complicado, faço um paralelo com o Brasil, na época do apagão. Imaginem aquela situação e o governo dizendo, problema seu, te vira, o negócio aqui é mais ou menos assim.
Por conta dos geradores existe a necessidade de se compra muito óleo diesel para abastecer o gerador. Com isso os gastos aumentam muito e ou compramos o diesel ou ficamos sem energia. Como se isso não bastasse ainda tem o problema da água. O abastecimento de água é semelhante ao de energia. Contudo, diferente do Brasil, não dá para furar um poço, tem que ser apenas com caminhões pipa. Aqui não há os lenços subterrâneos, com isso a situação se agrava.
Com o problema das contas, durante a reunião, ficamos sabendo que o condomínio cobra USD 250 para os estrangeiros e USD 120 para os Angolanos. Fatos esse que faz com que as contas não fechem.
Ainda vai haver muita discussão sobre como vai ficar essa questão do condomínio, mas a cada dia temos mais provas do protecionismo e do racismo. Pensar sobre esse tema e nas duas visões da questão, dá margem para muita reflexão, quem sabe nos próximos post’s.
Um comentário:
E pelo que sei hoje está chovendo e novo, mais um percalço urbano... Somos de Fortaleza, meu marido trabalha em Angola (Petróleo) há cerca de um ano e é provável que vamos todos - nós e os filhos, menino de 5 anos e menina de 11 meses - morar aí. Assim, acompanho seu Blog e tento nos imaginar em Luanda.
Boa sorte.
Bjs
Gloria
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